segunda-feira, 29 de julho de 2013

Quel est cet amour qui nous aime?

O que é esse amor que nos ama?




Se considerarmos que o cinema é uma linguagem, é plausível dizer que há cineastas que falam uma língua mais próxima da nossa alma... de anseios de que nem sempre somos consciente.

Terrence Malick eu amo.  Quando ele ressurgiu, em 1998, vinte anos após o seu último filme, Cinzas no Paraíso (Days of Haeven, 1978), houve um estardalhaço na imprensa especializada em cinema. Mas, apesar da curiosidade, eu somente assisti a Além da Linha Vermelha (In the thin red line, 1998) no DVD. Assim também com o seu filme seguinte, O Novo Mundo (The New World, 2005), a história de Pocahontas e Capitão Smith.  Ao final deste, deu-me uma grande tristeza e uma outra percepção do amor quando os dois se encontram muito tempo depois de terem se visto pela última vez. A vida dos dois é outra... e o amor que sentiam havia se tornado um devaneio. Ao se reencontrem, eles percebem como o amor era mais uma imagem que um sentimento. Minha visão de muitas coisas se modificou a partir dessa cena...

Assim, na minha admiração pelos filmes anteriores de Malick, eu assisti a A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011) no cinema. Escolhi com cuidado a sala, o meu lugar, e me apresentei para a viagem que viria. Não me decepcionei - embora ouça críticas muito negativas a ele e tenha presenciado o desconforto das pessoas ao meu redor na sala de projeção, enquanto eu me emocionava muito. Mas Malick não pode errar para mim, eu acho.

Foi inesperadamente que cheguei a Amor Pleno (No original mais belo To The Wonder, 2012) na última sexta-feira. A manhã havia sido incrível e surrealmente feliz.  À tarde, sem planejar, cheguei ao cinema sem planejar e foi com alegria que vi To the wonder em cartaz. Eu havia lido sobre ele na internet ao acordar.... e foi uma coincidência boa encontrá-lo no cinema justamente naquele dia.

Expectativas são um veneno mortal no cinema. Sem exageros, imagine (:). Mas, como disse, Malick fala comigo muito de perto. Eu amei amei amei Amor Pleno. Como nos filmes anteriores, o que vemos não são fatos, mas os pensamentos, sonhos, emoções dos personagens. A história é contada assim. Nesse caso, o amor é contado assim... É lindo e genial. Mas pode ser frustrante, se chegarmos ao cinema esperando uma explicação que não virá nunca. 

Na página do filme no imdb.com, um dos comentários se intitula: Explain nothing, show everything. Então. Malick não explica nada e mostra tudo. Inclusive aquilo de que não somos conscientes. O mundo todo está presente ali, no tema do amor e dos relacionamentos... mas é preciso deixar o racional de lado um pouco e sonhar juntamente com o que vemos. Que é lindo e dolorido e tão verdadeiro que me fez chorar. Como todos os filmes de Terrence Malick conseguem.

Há mais de dois meses eu não chegava ao Viagens (bad, bad blogger!). Muita coisa para ler e escrever não deixou muito espaço em mim para contar dos filmes e livros que vi. Mas Malick me trouxe de volta, e é com encantamento que conto de Amor Pleno. Wonderful.

Desde maio, os filmes vistos foram:

Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013), que, apesar das cenas incríveis, principalmente a do ataque à casa de Tony Stark, eu achei bastante blah. Um personagem tão bom merecia uma história melhor (e isso eu já pensei no segundo filme da série).

A Gremlins (1984) eu assisti no último dia do Vivo Open Air. Foi uma super diversão e uma surpresa. Eu já havia visto alguns trechos, mas não esperava um filme tão bom, e quase trinta anos depois. Os gremlins do mal cantando com os sete anões no cinema é uma das melhores cenas que já vi no cinema :)

O Grande Gatsby (The Great Gatzby, 2013) foi um espanto. Embora Baz Lurhman tenha trazido muito de Moulin Rouge no seu novo filme, ele ainda conseguiu surpreender. E trazer com intensidade a dor de amar sozinho, como definiu uma amiga. Encantamento em grande estilo.

Antes da Meia-Noite (Before Midnight, 2013) cortou meu coração em mil pedaços. Eu tenho um carinho muito grande pela série criada por Richard Linklater. O primeiro filme, Antes do Amanhecer (Before Sunrise, 1995) conquistou os público aos poucos, e quando a sua continuação, não prevista inicialmente, foi anunciada nove anos após, cheguei a Antes do Por-do-Sol (Before Sunset, 2004) com muita expectativa. E não me decepcionei. A história de Jesse e Celine, agora roteirizada também pelos atores July Delphy e Ethan Halk, foi literalmente de arrepiar. Assim, novamente, no anúncio do terceiro filme, eu me preparei com cuidado para vê-lo no cinema.

Os dois filmes anteriores trouxeram despedidas, mas o foco foi o encontro e reencontro. em Antes da Meia-Noite, o afastamento tem maior destaque. Mas, como anteriormente, ele traz personagens e sentimentos quase palpáveis de tão reais para mim. Essa proximidade, porém, também é difícil. Dói. E assim não consegui ver o filme novamente, como os anteriores. Mas eu o amei imensamente.

E, nesse dia, a sessão foi tripla. O segundo filme do dia foi Faroeste Caboclo (2013). Dele tive que sair correndo no meio da música do Legião Urbana, chorando bastante emocionada. A música está ali, em imagens, e não em transcrição. Uma época está ali, muito bem representada (com dois furos bobos - um deles é véio, que ninguém falava nos anos 80...), numa reconstituição cuidadosa. A importância da música para uma geração está ali também, e sair do cinema tão encantada com uma adaptação é bastante raro.

O terceiro filme desse dia foi Além da Escuridão - Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013).Três produções tão boas no mesmo dia e tão diferentes! O início de Star Trek é genial e uma experiência digna do nome 3D. O filme de 2009 havia me emocionado muito por se uma homenagem digna à série, por isso cheguei a este com certa cautela. Mas não precisava o receio, rs. E Benedict Cumberbatch de vilão é um super bônus! 

O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) já não foi tão feliz. Não é possível ter um bom filme sem uma história bem contada. Como disse Richard McKee em Story, seu livro sobre roteiros cinematográficos, a farsa de uma história fica muito evidente na produção. Ok, o novo super homem não é de todo ruim: uma atmosfera Bruce Banner (Hulk), com Clark Kent vagando pelo mundo com os seus poderes como uma maldição conferiu uma melancolia que combina com o super homem. A construção do relacionamento com Lois Lane é muito bonita também. Mas foi só. Eu adoro cenas de ação, principalmente quando bem feitas, mas aqui elas são over. Uns 30 minutos a menos de pancadaria teria dado mais força à historia de um personagem digno de um bom roteiro. O que é uma decepção maior quando a direção está com Zack Snyder, que pode fazer tão, mas tão melhor que isso. 

Com as crianças, desde maio vimos Reino Escondido (Epic, 2013) é fofo, mesmo que o mais fraco de todos a que assistimos nesse período - não falo muito dele porque, de verdade, já não lembro muito mais, rs. Universidade Monstros (Monsters University, 2013) é legal por vermos os personagens queridos de Monstros S.A. Mas o filme não tem ritmo e consegue se tornar monótono em alguns momentos - esse é o problema de se construir um filme com personagens ou histórias já conhecidas, a preguiça que vem do que já está garantido.  

Meu Malvado Favorito 2 (Despicable Me 2, 2013) é divertidíssimo, inteligente e  uma alegria para quem amou o primeiro filme. Os minions têm um grande destaque, como deve ser (big smile sempre!), mas a história ainda gira em torno de Gru e suas meninas - agora com o acréscimo de Lucy, uma adição fofa à família. Nós o vimos três vezes até agora, e não deu para esgotar ainda. E, como no primeiro, há frases que já se tornaram de estimação e aparecem na conversa com as crianças. Feliz.





PS: Em 2001, talvez antes mesmo antes de pensar em uma continuação para Antes do Amanhecer, Richard Linklater apresentou Celine e Jesse juntos em Waking Life, animação que não pode ser vista com muita racionalidade também. Assim, para quem já os conhecia, surge uma resposta sobre se eles teriam se reencontrado... no entanto, em  2004, a história muda em Antes do Por-do-Sol. Mas é curioso ver o envolvimento do diretor com seus personagens e que transparece nos seus três Before...

PPS: Os livros de maio até agora aparecerão em outro post... este já está gigante o suficiente! Santo atraso, Batman.



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