terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Os primeiros filmes de 2013.

Janeiro é uma época esquisita para o cinema. No começo do mês, e do ano, algumas produções novas, mas muitas ainda são as estreias mais esperadas em dezembro. Mais para o final, começam a aparecer os filmes mais novos que concorrem ao Oscar e a outras premiações. 

Este ano, eles fazem uma aparição bastante atrasada - mas todos estrearão antes do dia 24 de fevereiro. Indomável Sonhadora entrará apenas dois dias antes, mas mesmo assim acho que chegarei no domingo do Oscar com todos os indicados a melhor filmes já assistidos. 

O meu preferido, e um filme for life, é Amour (Amor. Michael Haneke, França/Alemanha/Áustria, 2012). Eu não esperava pouco do diretor de A Fita Branca (outro para a vida toda) e Violência Gratuita. Não há como dizer, destes dois últimos, que gostei deles... gostar não é um verbo que se aplique aqui - o sofrimento envolvido na projeção me faz questionar o vídeo com as instruções de segurança apresentado no Cinemark - Fazer um filme é difícil, assistir é fácil. Não há nada de fácil na relação com alguns filmes, mesmo que os amemos de paixão.

Amour é assim. Mas dele eu posso dizer que gostei, e muito. O ritmo da vida - a dois, na velhice, na incerteza, no excruciante peso que é viver - é incrivelmente palpável e ao mesmo tempo poético. A delicadeza emociona. A proximidade dói. E a percepção de que alguns cineastas conseguem ir além de qualquer concepção simples de genialidade, com seu olhar detalhado e cuidadoso com a vida, me confirmam como vê-la e percebê-la no cinema está muito longe da fuga da realidade que se costuma relacionar com as produções cinematográficas. 

Amour é um mergulho na existência.  Doeu um bocado, mas surpreendeu pela delicadeza, repito, e, sobretudo, o respeito. Saí do filme com uma fé imensa na vida. Parece contraditório. Mas se alguém consegue olhar o que acontece ao nosso redor com tamanha atenção, transformá-la em arte e história, que alcançam a alma e dão sentido ao que parece inexplicável, a fé que me envolveu não espanta. Chegarei a ele mais vezes. Nutrir a percepção das coisas com a esperança de que a atenção com a vida e o respeito com quem amamos se torne um vírus, numa época de descaso imenso com a vida.

Outro filme que me tomou de surpresa e me tirou do chão foi Silver Linings Playbook (O Lado Bom da Vida. David O. Russel, US, 2012). Eu tinha grandes expectativas com ele, mas a qualidade da história, dos personagens, das interpretações me conquistou de imediato - sem contar que Bradley Cooper e Jennifer Lawrence  juntos são incríveis. Eu o assisti numa sessão de pré-estreia, num cinema lotado  no sábado à noite, uma visão literal do inferno para mim. Eu odeio cinemas lotados. Odeio. Não suporto sentar espremida entre desconhecidos (Hello, Toc!). Neurose reconhecida, eu realmente a respeito. Procurei o lugar menos ofensivo (de verdade), entrando no filme com tudo - ele conseguiu abranger muitas coisas que vejo ao meu redor hoje. Espero, honestamente, vê-lo mais umas vinte vezes :)

Voltando ao início do mês, o primeiro filme do ano foi O Impossível (Lo Imposible. Juan Antonio Bayona, Espanha, 2012), baseado na vivência de uma família durante o Tsunami de... Do momento em que a onda avança até a última cena, eu não parei de chorar. A produção é cuidadosa, os efeitos são incríveis, e nos levam diretamente para dentro de uma das tragédias mais surreais que a realidade nos trouxe. O que a personagem de Naomi Watz sofre me faz duvidar da mortalidade do ser humano. Uma boa história para iniciar o ano.

Com as crianças, vi Detona Ralph mais duas vezes... a corrida doce fez um sucesso grande em casa. Um arraso, rs. Uma Família em Apuros (Parental Guidance, Andy Fickman, US, 2012), a que assistimos duas vezes, é divertidíssimo (ri demais) e discute, de forma delicada e sem abusar dos clichês, a educação super protegida que corremos o risco de impor às nossas crianças. As situações bizarras existem, e são ótimas, mas não dominam o filme. As pessoas, em personagens nada pretensiosos (com  algumas poucas exceções; há uma cena perdida no espaço, em que Betty Midler e Billy Cristal lembram o mundo de que amam o show business), são o centro da história. E isso é bom de se ver, sempre.

A O Hobbit, na versão HFR, eu cheguei pela quinta vez, antes que ele saísse de cartaz. Thooooooooorin!

Numa sessão dupla, roubada numa visita relâmpago da minha sis querida a Brasília, fui a dois filmes que queria muito ver, mas tinha certa preguiça. Em Paris-Manhattan (Sophie Lellouche, França, 2012), a protagonista pensa sobre a vida com a ajuda de Woody Allen e seus filmes. Posiciona-se na vida com o cinema - onde eu já vi isso??? E a sua inadequação por ver a vida desa forma? Totalmente reconhecível. 

Farmacêutica, Alice receita DVDs aos seus clientes - e consegue ajudá-los assim. Muito fofo, uma delícia de ver, com a presença sem exageros de Woody Allen. Over foi apenas a cena final - detesto aquela dança de amantes felizes, acho uma cafonice, como aconteceu em O Amor não Tira Férias (de verdade, aquela cafonice estragou o final). Totalmente desnecessário.

Take This Waltz (Entre o Amor e a Paixão. Sarah Polley, Canadá/Espanha/Japão, 2011) chegou aqui com bastante atraso e me trouxe sentimentos bastante contraditórios. Apesar de ter feito um imenso sentido para mim e me tocado fortemente, parece a defesa de uma tese. Esse é um dos maiores problemas com algumas histórias... e um sério obstáculo na construção de uma narrativa. Eu concordo com a tese defendida. Na verdade, eu a assumo de coração como forma de vida. Mas acho que uma mão mais leve para contá-la teria tornado o filme muito mais do que ele acabou sendo.  E que eu gostaria que fosse.

A Viagem (Cloud Atlas. Tom Tikwer, Andy Wachowski, Lana Wachowski, Alemanha/US/Hong Kong/Singapura, 2012)  também bastante esperado, chegou com críticas indignadas. O filme é confuso, bla, bla bla. Aquela história de sempre. Tenho a impressão que se exigiu demais desta nova produção dos irmãos (siblings, agora) Wachowski. Se eles não fossem os criadores de Matrix, talvez a expectativa fosse outra. Para mim, a edição foi sublime, criando um sentido maior com as diferentes histórias, em diferentes épocas. 

Uma vez li, num prefácio de Neil Gaiman, que uma história, para ser boa, precisaria fazer com que o leitor se importasse com o que acontece, com os personagens... A Viagem fez eu me importar, e corri pelas suas horas de projeção com muita atenção no que acontecia à minha frente. Houve um certo estranhamento com o figurino... a caracterização dos personagens beira a cafonice. Mas a preocupação com diferentes estéticas de filmagem, nos tempos distintos da história, é uma ideia legal. E, como eu disse, a edição é de gênio. Uma ausência injusta na indicação de melhor montagem no Oscar deste ano. 

Lincoln (Steven Spielberg, US, 2012) não falou uma língua compreensível para mim. No meio do filme, fui-me embora, voltei para casa e aproveitei a chuva da tarde para tirar um cochilo gigante. Acordei, voltei para o cinema e cheguei a Silver Linings...  Depois assisti a Hansel e Gretel (João e Maria...), de que gostei demais na versão 3D (divertida e cheia de sustos). Daí, às 23h, resolvi entrar em Lincoln novamente, na sua meia hora, para ver o final.

Nick Hornby, em 31 Canções, diz como nós devemos nos permitir ir embora. Não há necessidade do apego, mesmo que saiamos de algo que admiramos muito - como ir ao pub tomar uma cerveja e jogar uma partida de sinuca durante um solo gigantesco do Led Zeppelin, o exemplo nada desprezível que ele traz para ilustrar sua afirmação. 

Lincoln será o provável ganhador do Oscar este ano (eu torço muito para que não), então como eu, que assisto a essa maldita premiação há mais de 30 anos, não iria vê-lo até o final? Não vi, e que alívio. A produção é primorosa, tudo bem. Daniel Day Lewis está incrível. Ótimo. O detalhe da pesquisa história é um deslumbre para a crítica. Ok. Mas a transcrição de fatos que desconheço em minúcias não fez o menos sentido para mim. Foi realmente outra língua.  O filme é baseado no livro de Doris Kearns Goodwin, Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln, que me interessou muito e ressalta a estratégia de Lincoln para a abolição da escravatura nos EUA, no fim da famigerada Guerra Civil. Tudo muito nobre, mas que consegui vislumbrar com mais clareza em Abraham Lincoln: O Caçador de Vampiros (mesmo considerando-o bastante inconsistente e apressado), do que na proposta de fidelidade factual extrema - como se isso fosse possível ou necessário - trazida por Spielberg. 

A impressão que tive em Lincoln - que é realmente somente isso, uma impressão - é que a ele chega, nos US, no início do segundo mandato do Presidente Obama como uma mensagem à oposição. A chama da vela que se mantém acesa, no leito de morte de Abraham Lincoln, não traz uma mensagem muito sutil. Com todo o respeito deste universo, good for you, eu diria. Para mim, blah.

Ufa.

Chegando ao final dessa odisseia, ontem assisti, por fim, a O Mestre (The Master. Paul Thomas Anderson, US, 2012), de outro diretor que admiro muito. Magnólia é um filme for life também. Mas sua última produção não me alcançou. Racionalmente, eu olhava o que estava à minha frente e pensava como era bom aquilo... mas o sentimento não correspondia. A trilha sonora, fortíssima e genial, mas na dissonância que me causa enjoo, não ajudou. Joaquim Phoenix, incrivelmente bom, mas insuportavelmente asqueroso no seu personagem, me causou uma repulsa difícil de ignorar. Eu não procuro necessariamente por conforto no cinema, mas o incômodo com The Master foi forte. Outra tese defendida que não chegou ao coração. 


Um vídeo aos moldes do In Memorian
com a trilha retirada de A viagem, homenageando os esnobados do Oscar 2013. 

PS: No primeiro dia do ano, em casa, assisti a Manhattan, de Woody Allen (US, 1979). Que eu não o tivesse assistido ainda, é um depoimento contrário e contundente (sem exageros) a qualquer um que diga que eu entendo muito de cinema. Sei que chegamos aos filmes na hora certa, eu realmente sinto assim. Mas eu amei tanto Manhattan, achei-o de uma genialidade tão bela, que realmente me ressenti de não tê-lo visto antes. Eu gostava muito de Woody Allen (Neblina e Sombras, não tão famoso, era o meu preferido até então), mas agora esse gostar subiu algumas oitavas. Assim,  Paris-Manhattan e o amor de Alice pelo cineasta fizeram muito sentido para mim.  
E outro filme me levou a ele: Medianeras, meu filme querido: Martín e Mariana, que não se conhecem, , mas se emocionam e sofrem com a mesma cena, no filme que assistem na TV ao mesmo tempo, em apartamentos separados. Love, love, love.

O trecho a seguir é o final do filme... eu o trouxe por conter a cena que aparece em Medianeras. Mas é o final... se você não tiver visto o filme, vale esperar um pouquinho :)




segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Write about books and moments that make you smile.


After the song finished, I said something.
"I feel infinite." 
(The Perks of Being a Wallflower)



Quando acontece de eu entrar no cinema e me deparar com um filme que parece destinado para mim, que se dirige diretamente para minha alma, que fala da minha vida de uma forma que eu não conseguiria... é um presente.

Quando abro um livro que, em narrativa e ficção, faz tanto sentido que não sei como descrever...eu agradeço por amar tanto ler.

Quando uma pessoa me enxerga da mesma forma que muitos filmes e livros e coloca essa visão em um objeto, em um presente... eu não sei descrever a emoção.

Ser visto como somos é  um tesouro a ser cherished every day.

Há um ano, trouxe para o Viagens presentes desses meus amigos insanos que contaram muito de mim. Hoje, um dia depois do meu aniversário, trago a caixa de pandora que foi o presente de Amanda e Melissa, filhas da minha amiga irmã amada, amigas queridas e sobrinhas decoração. E, principalmente, duas criaturas inacreditavelmente generosas no seu olhar para mim e na construção de um dos melhores presentes que já ganhei.

Minha emoção chegou a um patamar em que foi difícil até expressá-la E minha gratidão... espero contá-la um pouco aqui. 


Em dezembro, eu azucrinei a vida das meninas, principalmente a da Mandy, para que elas lessem Dash and Lilly. Passei para elas o livro, enquanto relia essa história que se passa no natal no e-reader. Por sms, recebia updates da leitura diariamente.

As nossas conversas são assim. Livros, filmes, seriados, músicas... o que nos encanta, causa admiração, espanto, riso. Conversas de doido mesmo, não muito distantes da que tinha e tenho com a mãe delas nesses vinte e oito anos (carambola) que nos conhecemos. Muito do que tenho gostado de ler, ver e ouvir foram elas que me trouxeram também.  

Assim, na caixa - think outside de box, die when you see what is inside the box!!! - não há somente livros...


... mas, sobretudo, a história das nossas conversas, preferências e, sobretudo, a percepção aguçada do que eu amo, além do que nos aproxima sempre. Big, big smile!!!

Dash e Lily se conhecem por um red moleskine que Lily deixa ao lado do seu livro preferido na Strand, uma super livraria em Nova York. Nele, há desafios para quem o ler... o primeiro é decifrar a proposta inicial. Assim como no notebook de Lily, no meu havia pistas para o desafio inicial. Do you dare?


Sim!!!!!!!

Eu não sabia o que fazer comigo à medida que decifrava a frase, com palavras retiradas dos livros na caixa e fora dela. Sou exagerada por natureza, mas acho que a minha euforia crescente à medida que encontrava as palavras, contando-as nas páginas indicadas, é perfeitamente justificável :)


No livro de Rachel Cohn e David Levithan, o desafiado não podia escrever no notebook as palavras da frase que desvendava. Sorry, Dash! Mas como esse livro veio diretamente para mim, eu coloquei o que encontrava nas linhas indicadas. De Dash & Lilly veio Write About...


The Perks of Being a Wallflower trouxe Books And... além do CD (Ahhhhhhhhhhhhhhhh) com o mix que Charlie grava no livro. Jaisus, essas meninas são um espanto. Ou, como se disse em Detona Ralph, um arraso :)



De The Time Travelers Wife, veio uma só palavra, Moments... perfeitamente de acordo com o livro :)


Da edição linda de Breaking Dawn, de Stephenie Meyer, vinda de Roma (não disse? Um espanto), vieram That Make... nesse ponto, eu já ria como criança, super entusiasmada, cheia de livros ao redor. 

City of Glass eu tirei correndo  da estante, para finalizar o que as meninas maluquinhas tinham a dizer para mim, neste presente perfeito. Não é lindo?

Mas você já tinha uma ideia, certo? O título deste post não poderia se outro senão essa proposta indecorosa, que faz parte do Viagens e das viagens que são nossas conversas. 



O último livro de Lemony Snicket, de As Desventuras em Série, não se encontrava no desafio... mas eu o folheei ali, sentada no sofá, com os livros outside the box no meu colo, imensamente grata por ter pessoas que me entendem tão profundamente ao meu lado. São são poucas essas pessoas, amigos queridos que conseguem suportar esta aquariana que consegue ser um transtorno de esquisitices com muito amor, percepção e generosidade.

Thanks, girls :)  Vocês são um espanto total, que eu admiro constantemente!

Amor maior do mundo, Meu. 




sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

The language of the last year...


For last year's words belong to last year's language 

And next year's words await another voice. 
T.S. Eliot.




Apesar das palavras de T.S. Elliot, resolvi, este ano, trazer os filmes e livros de 2012 em forma de lista, para colocar de forma diferente o que vi e li no ano que passou. 
Para isso, copiei todos os posts e deixei apenas o nome do filme e livre, sem os comentários. Foi uma viagem à parte, porque coisas que me impressionaram muito há alguns meses, eu já havia esquecido. Outras - a maioria, felizmente - permaneceram, e foi bom reler meu pensamento a respeito. 
Assim, segue uma retrospectiva dos livros e filmes presentes no Viagens no ano passado. A listagem está quase, mas não totalmente completa, principalmente os filmes vistos em DVD - que são poucos. Mas a maior parte das viagens de Amélie em 2012 estão presentes. 

Obrigada pela companhia!!!!

Carinho grande e bom 2013!!!

 Livros...

 Cinema...


No DVD:
Dakota Sky
The Help
O quarto do filho
Wall-E;
Coraline;
Harry Potter e a Pedra Filosofal;
A viagem de Chihiro
Filme da Helen Hunt
Goldfish memory
Kirikou
Taxi Driver
Perfect Sense
Hugo Cabret
Gigantes de Aço
Os Goonies
Um Conto Chinês
Medianeras
Minhas Tardes com Margueritte
Intocáveis

Na TV:
Homeland
New Girl
Don’t trust the B… in ap 23
Greys Anatomy
The good wife
The newsroom
Love Bites
Revenge
Go On
Haven
Project Runway
Project Runway All Stars
Merlin
Continuum
Revolution
Awake
The River
Person of Interest
Hunted
The Mentalist
Vampire Diaries
Doctor Who
The Fades
Modern Family