quinta-feira, 29 de novembro de 2012

The arms of bad dreams

Há duas semanas, eu vivia uma mobilização digna de véspera  de Natal: o último Twilight estava em pré-estreia no cinema e era dia de festa. Internet pifada e  uma certa impaciência com os filmes, além da pancada de alguns livros surpreendentemente assustadores, me fizeram contar essa história aqui um pouco atrasada.

Há quatro anos, depois de ler os livros de Stephenie Meyer, eu conheci a sessão da meia noite no Cinemark sozinha. Já havia comprado meu ingresso há uns dias, mas sem muito estardalhaço - poucos amigos haviam lido a série àquela época. Cheguei ao Shopping um pouco antes da sessão e encontrei, para a minha surpresa, a sala lotada. Ali, numa cadeira vaga na primeira fileira entre desconhecidos, presenciei uma das projeções mais divertidas da minha vida. A cada personagem apresentado, gritos entusiasmados me rodeavam. Claro, eu gritei um bocado também – ia perder a diversão? E amei, ao contrário de uma sessão usual, ouvir os comentários, críticas e surpresas ao meu redor. Me senti em casa, num filme mal produzido e com pessoas que nunca havia visto antes.
Para Lua Nova, no ano seguinte, já comprei dois ingressos. Convidei a Paty, dessa vez, também em cima da hora. Chegamos um pouco mais cedo, compramos pipoca e sentamos novamente na frente. Na sala lotada, os gritos foram mais entusiasmados - principalmente quando Ed tira a camisa ao final, rs -, e a gente se divertiu muito, enquanto discutia se este novo filme era melhor que o anterior.
Em Eclipse, já foram oito ingressos e amigos amados de diferentes tribos num mesmo lugar. Chegamos cedo, lanchamos antes, entramos na sala já preparados para a quantidade de pessoas. Separados, vimos aquele que, para mim, foi o pior da saga. No entanto, na saída, já de madrugada,  a discussão a respeito era grande. A festa dos próximos anos estava instalada.
E em Amanhecer Parte 1 ela já era oficial e obrigatória, com 9 pessoas dessa vez, cada vez mais ansiosas para a pré-estreia. Assim que os ingressos eram liberados para pré-venda, eu mandava um SMS para as partes interessadas. Chegamos mais cedo novamente, mas sem pressa, porque, dessa vez, o cinema tinha lugares numerados. Eu sentei numa cadeira à frente, destinada ao acompanhante dos cadeirantes, porque, apesar do planejamento, faltou um lugar. Gosto de ficar na frente, não me importo de assistir ao filme sozinha, e, assim, vi esse capítulo da série quase dentro da tela. Uma belezinha.


Edward harassing Bella... Pense. 
Com esse ritual criado nos últimos anos, a preparação para Amanhecer Parte 2 (Twilight Saga: Breaking Dawn Part 2. Bill Condon, US, 2012), o último filme da saga, não foi pouca. No Cinemark não havia previsão de sessão à meia-noite. Comprei ingressos para outro cinema, e os vendi depois, para manter a tradição da pré-estreia no Cinemark. A sala XD já estava lotada, então sem lugares marcados dessa vez – como a gente se acostuma com o que é bom rápido... Chegamos bem mais cedo dessa vez e, como a fila estava pequena, resolvemos lanchar ali mesmo, num pic nic com espectadores bem diferentes, muitos deles se encontrando apenas uma vez ao ano.
Lugar legal garantido, a ordem era aproveitar essa última oportunidade. Eu me diverti muiiiiiiiiiiito, e acho que não fui a única.  Na sessão mais divertida ever, no entanto, o filme foi o que menos entusiasmou.
Aos dez minutos de Breaking Dawn Part 2 veio uma vontade visceral de sair da sala. Uma das partes mais importantes do livro e esperadas no filme, o despertar de Bella como vampira, passou num piscar de olhos. Quando eu vi que este, como os anteriores, ia ser uma vergonha de adaptação para o cinema, meu coração encolheu, minha irritação foi grande e passei a me conformar mais uma vez, como nos anos anteriores, que Crepúsculo no cinema simplesmente não era para ser. Desde o primeiro filme.
Não digo que a gente não se divirta – principalmente na sessão histeria : ) -, mas a história dos livros não está ali.


São tantas coisas, acho que daria para escrever um livro sobre o que encontro de ruim nos filmes. Mas o principal fator, para mim, é que os responsáveis pela adaptação não embarcaram nos livros.
A história de amor em Crepúsculo envolve muita cafonice. It is cheesy, vamos dizer assim. Essencialmente. Mas também é intensa, doce, comovente... se não fosse, não alcançaria tantas pessoas da forma como o fez. As pessoas embarcaram no livros por diferentes razões.... e, para mim, nenhuma delas se encontram nos filmes. Os livros de Stephenie Meyer foram bastante criticados e ridicularizados... mas não poderia ter sido assim com quem se comprometeu a levar ao cinema uma história cara a muitos. Sem abraçar a cafonice, não é possível contar a história. E a pretensão dos envolvidos nos filmes foi bastante grande para que isso acontecesse. Uma exceção são alguns atores envolvidos depois do primeiro filmes. Michael Sheen, um ator excelente, não teve medo ou vergonha de dar voz e rosto a Aro, e o fez muito bem. Expandiu o personagem sem receios – como deve fazer, a meu ver, um ator comprometido. Os vampiros convidados ao final também se dedicaram de uma forma maior,  como também receberam uma interpretação mais próxima do que são no livro.
Saudade de Lee Pace em Pushing Daisies :)
O que é secundário na história, no entanto, nunca foi um problema. O empecilho maior foi levar para as telas o que seria o amor de Bella e Edward.

Melissa Rosenberg é uma roteirista perfeita em Dexter. A ironia, a falta de condescendência com os personagens, os diálogos afiados... great. O que eu não entendo é como ela chegou a Crepúsculo e estabeleceu residência numa história que não a alcança, a meu ver. Desde o início, nas entrevistas, o assunto principal era com havia sido necessário cortar os diálogos mais cafonas... Ficou evidente, para mim, que ela não suporta a história e tentou muda-la de acordo com o que acha mais plausível.  E embora toda adaptação cinematográfica de um livro seja, sim, uma interpretação, o comprometimento com a história e os personagens principais não pode e não deve estar ausente. Pois foi justamente isso que Rosenberg primeiro deixou de lado nos seus roteiros. E, depois de fazê-lo, mudou os personagens sem maiores pudores, colocando-os em situações que podem parecer interessantes em termos de ação, mas que contradizem explicitamente a história dos livros.
É assim quando Edward entra em confronto físico com a família em Denali, por exemplo. Ou quando, diante de uma Bella angustiada e apavorada com o futuro, propõe um banho básico e começa tirar a sua roupa - tá de brincadeira. Ou, ainda, quando faz cara de apavorado ao levar os choques de Kate para ajudar Bella a expandir o seu escudo. Edward é essencialmente um mártir, ama um sofrimento, e Rosenberg ou Pattinson podem achar ridículo isso – eu também acho -, mas é quem ele é. Sempre, sem exceção. A cena dele nervoso com a incapacidade de projeção da Bella pode ser divertida, mas contradiz muito quem conhecemos nos livros. E essa contradição desnecessária me afasta do que vejo na tela e me frustra.
Não ajudou em nada a escalação de um protagonista que não entende o que está interpretando. Veja, eu gosto de Robert Pattinson e torço por ele, mas tenho vontade de dizer poucas e boas quando ele esculhamba com a história ou com o seu personagem. Não gosta do que faz? Na boa, parte para outra e abre espaço para quem consiga se comprometer. Porque, por mais que pareça bobo, há pessoas out there que gostam da história e querem vê-la bem produzida na tela.
Outra questão são os efeitos nada especiais. Eu teria vergonha de ter o meu nome na equipe, sinceramente. O robozinho Renesmé é um horror. O rosto que é partido ao meio e mostra a borracha que se parte é digno dos mais amados filmes B, mas não cabe aqui. Bella correndo com a tela por detrás, em evidente justaposição, ia causar horror até a Georges Meliès. Hoje se consegue colocar Brad Pitt com 16 anos na tela de forma convincente, mas não se consegue tirar a sombra de barba de Pattinson e os outros vampiros? Brincadeira de novo. No primeiro filme, eles tinham a desculpa, esfarrapada aliás, do baixo orçamento. Mas agora? No way.
Assim que, quando cheguei a casa, às três horas da manhã de quinta-feira, não consegui dormir. Escrevi as conversas que tivemos ao final do filme no imdb.com, para tentar elaborar melhor o que havia visto. Sim, eu levo as histórias bastante a sério e dou, para elas, um lugar de destaque nos meus dias. Por isso é tão difícil ver algo de que gosto tratado com tanto descaso. Eu sei que há defeitos, eu não os renego. Assumo o que me incomoda nos livros de Meyer e abraço o que faz sentido para mim. Porque a ficção precisa fazer sentido... É esse sentido que nos leva a nos importar com os personagens, a esperar o que acontecerá com eles. E ver esse sentido ser jogado na lata do lixo por razão nenhuma é triste. Uma frustração eu estou feliz de haver chegado ao fim, pelo menos por enquanto.


Além das perucas, uma pesquisa básica para os
índios brasileiros não aparecerem a la Pocahontas...
Alguns fatos que, além do essencial exposto acima, me incomodam bastante nas adaptações da saga no cinema:
. A maquiagem é bizarra até o quarto livro. Quando Carlisle aparece a primeira vez, é inacreditavelmente ridículo. Sério, people? E a peruca de Jasper e Rosalie em New Moon não existe. Sério? Peruca ruim? Ugh.
. Importante para entender Bella e como ela não pensa nela é o modo como ela assume os cuidados com Charlie quando se muda. Que ela assume a casa, cozinha para Charlie, não é apenas um detalhe. Kristen Stewart disse em uma entrevista como gostaria que isso tivesse sido colocado no filme. Tá, e por que não foi? Ugh again. Do mesmo modo, outros personagens ficam totalmente desconfigurados... Edward, para mim, é o pior deles.


O melhor era ficar escondida.
. O brilho suado do primeiro filme retorna no último. Apesar de eu gostar muito como Bill Condon, que, na direção dos últimos dois capítulos, se preocupou, diferentemente dos outros, em criar um vínculo com o primeiro filme da série – o uso da trilha sonora é bonito nesse sentido -, ele não precisava se apegar logo ao que este tem de pior – sweaty Bella para combinar com sweaty Edward. Fala sério, eu só percebi que ela brilhava na terceira vez em que vi o filme.
. A última trilha sonora é bastante fraca, principalmente se comparada com as demais. Lua Nova tem uma das melhores, mesmo que bastante mal utilizada – Anya Marina e Muse aparecerem em segundos é um desperdício gigante. Mas, como disse antes, há momentos: Flightless Bird no casamento e A Thousand Years  ao final cria um vínculo que se mostra, no entanto, ausente na maior parte dos filmes.


. Uma das falas mais bizarras é quando Bella refere-se ao seu suposto superpoder de autocontrole num diálogo perdido e sem sentido... uma explicação que, para quem não leu o livro, é importante e toma boa parte do pensamento da personagem. Quando Bella e Edward voltam de sua primeira caçada, essa fala caberia perfeitamente e tiraria a expressão de idiota de Bella aos comentários de Ed sobre como ela consegue se controlar. Um momento estranho que faria sentido com uma frase. Esse foi um exemplo, mas são muitas as situações bizarras que teriam uma solução simples para fazerem sentido. 


... e assim vai. E há muito ainda, mas a verdade é que eu cansei de pensar nos filmes da Saga e em como eles são ruins. Aliviada que eles chegaram ao fim, eu, no entanto, espero que, daqui a uns anos, eles sejam readaptados de uma forma melhor e mais honesta. Quem sabe? Agora é torcer para The Mortal Instruments, adaptação dos livros de Cassandra Clare, não ir para o ralo cinematográfico também...
 Depois do sucesso de Fifty Shades, alguns novos livros vêm com uma etiqueta brilhante em que se lê: If you liked Fifty Shades, you will love... Ao chegar a alguns desses livros, pensei o seguinte:
A curiosidade pode até não matar o gato, mas deixa arranhões indesejáveis.
Outra coisa de que lembrei foi de uma vez em que resolvi experimentar cerveja de gengibre em Londres. Quando abri o sanduíche que havia comprado, ele vinha com muito, mas muito gengibre. O resultado foi um efeito dragão. A boca parecia pegar fogo. Ainda meio atordoada com a overdose, um amigo me disse: Dri, acho legal que você sempre procure experimentar o que não conhece, mas às vezes você se dá realmente mal...
Tudo isso para contar que eu me dei definitivamente mal ao chegar a alguns dos livros que tentam capitalizar no sucesso de Fifty Shades. Já havia lido a série Crossfire, de que falei no post anterior, e não estava muito entusiasmada para seguir essa trilha. Mas curiosidade é meu segundo nome, e assim, cheguei a algumas indicações da Amazon.
A minha vontade foi sair correndo, gritando, abando os braços, apavorada. 

On Dublin Street, de Samantha Young, não causou maiores danos ou trouxe grande surpresas. É uma história bastante usual, que tem o diferencial de se passar em Edimburgo, Escócia. Nele, gostei das várias referências a YA books, principalmente os distópicos. A série em dois capítulos de Sylvain Reynard, Gabriel’s Inferno e Gabriel’s Rapture, é mais complicada. A autora fez do protagonista uma junção literal de Edward Cullen e Christian Grey, o que, no mínimo, traz uma confusão e confirma para mim como a literalidade é sempre um problema. Com a jornada ficando mais complicada, cheguei a Sadie Mathews e sua série After Dark, da qual só li o primeiro livro, Fire After Dark. Os personagens são tão ruins, as situações a La Fifty tão forçadas e rasas que nem a minha curiosidade insana deve me levar ao segundo capítulo - e a tentativa de ir além na situação do dom se tornando sub é catastrófica de tão ruim. Mas o tiro de misericórdia que me fez duvidar da própria sanidade foram os livros de Vina Jackson (dois autores sob o mesmo pseudônimo), Eight Days Yellow e Eight Days Blue. Apesar das duas estrelas na Amazon dadas ao primeiro livro, eu gostei do início. Os personagens têm seu contexto bem apresentado... eu estava me entusiasmando com a história quando a vaca foi par ao brejo total.
Fifty Shades, apesar do rebuliço que tem causado, é uma história de amor bastante tradicional – e por isso mesmo o sucesso. Ela, apesar do erotismo explícito, adequa-se aos leitores de classe média com bastante tranquilidade. Pode causar uma discussão aqui, um espanto ali, ou trazer aspectos realmente desafiadores, como foi para mim, mas é uma história adequada, vamos dizer assim. Permite discussões, mas não é essencialmente transgressora. Ao apresentar situações mais extremas, a série Eight Days também não transgride, como acho que seria a sua intenção... mas agride. E muito.  Sua perversidade não é aquela das histórias que nos fazem sair da comodidade, mas sim de uma maldade sem sentido – e a ficção precisa fazer sentido, principalmente quando pretende transgredir. Quando fechei o segundo livro, queria apenas tirar aqueles personagens imbecis e as imagens horrorosas da cabeça. Um horror.

Vou esperar um tempo para ler Sleeping Beauty Trilogy, escrita por Anne Rice sob pseudônimo em 1983 - ela me foi recomendada pela Ritowski, guru de indicação de livros, após conversarmos sobre o terror que foram os livros na semana passada. Com o sucesso de Fifty Shades,  a série de Rice retorna ao foco. Mas com as imagens que tenho na cabeça agora, é melhor ler outras coisas. Pollyana, por exemplo. 


 PS1: Quando conversamos sobre adaptações de livros para o cinema, geralmente a frase "mas o livro é sempre melhor que o filme" faz sua aparição obrigatória. Eu gostaria de discordar, mas o que vemos no cinema geralmente nos faz concordar. Mas algumas surpresas acontecem uma vez ou outra. Uma delas, e a de que gosto mais, é a versão de Orgulho e Preconceito dirigida por Joe Wright. Quando Darcy pede Liz em casamento, numa construção maravilhosa envolvida pela chuva, não estão ali literais as palavras de Jane Austen literalmente, mas a história que ela conta aparece perfeita em imagens. Mas eu desconfio que Joe Wright seja um grande leitor... e assim consegue contar do livro em imagens e sons de uma forma muito bonita. 

PS2: Hoje fui assistir a Amanhecer Parte 2 pela sexta vez... então. Em casa sessão, vou com um amigo e é uma diversão, apesar do filme cansar bastante. Hoje fui com minha sobrinha de 8 anos, que via pela segunda vez. Os comentários dela foram ótimos. E se uma criança consegue ver todo o ridículo de um filme e expressar como ficou desapontada, como as pessoas que o fazem não conseguem perceber o que não funciona? Ao final, saímos do cinema com ela puxando minha mãe apressada, enquanto, na tela, corriam os créditos ao som de The Forgotten - o título deste post, aliás, vem da música de Green Day. 


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

The Love we think we deserve


And all the books you've read have been read by other people. And all the songs you've loved have been heard by other people. And that girl that's pretty to you is pretty to other people. And you know that if you looked at these facts when you were happy, you would feel great because you are describing "unity."
(The Perks of Being a Wallflower, p. 72).


Depois de um mês agitado, no finalzinho de outubro houve ainda alguns livros e filmes que fizeram parte dos meus dias. Aqui estão eles.

Depois de ter gostado muito do filme As Vantagens de Ser Invisível, cheguei ao livro de Stephen Chbosky - no dia seguinte, aliás. Algumas histórias demoram a desgrudar da alma, e foi assim com ele. Dessa forma, o livro veio como forma de conversar mais e melhor com o que vi no cinema. 

The Perks of Being a Wallflower foi bem adaptado ao cinema, e isso eu percebi logo de início. Na verdade, o filme consegue trazer a história de Charlie, Sam e Patrick com uma maior delicadeza que as palavras de Chbosky. O livro tem um peso que o filme retira, deixando apenas a força da história.  As cartas de Charlie em palavras - por elas nós o conhecemos - chegaram a cansar um pouco, na verdade. O livro é muito bom, não me entenda mal, há diálogos fantásticos. Mas o filme conseguiu superar, a meu ver, o que o livro trouxe de over. O que surge como inocência, por exemplo, nem sempre soa assim para mim - o filme conseguiu, a meu ver, trazer essa inocência com uma força incrível que o livro traz em peso. Talvez isso ocorra por um perigo que se apresenta quando contamos uma história: a ansiedade de defender uma tese. Quer-se mostrar algo e, em vez de se intrincar no que isso significa, o que prevalece é o tom professoral de defender um ponto. Sempre um desperdício do que poderia ser uma  boa história.

Ou talvez não seja somente a narrativa, mas sim eu gostado tanto da forma como o filme conta a história.... não há como voltar atrás e ler o livro primeiro. Essa é sempre uma escolha que faz parte do encontro com as diferentes formas de narrar: o que ver, o que ler, como ler... a ordem, o dia, o lugar... O que somos, conhecemos, do que gostamos, tudo faz parte. Esse des-vínculo é impossível. Então, pensar no que seria não serve muito de nada - mas a questão sempre fica. 

De qualquer forma, a história é linda e se aproxima do que li nos livros de John Green. É um olhar para a adolescência, a vida, o ser humano muito querido, e eu fico bastante feliz de ver como as histórias têm conseguido se aproximar do que encontramos no viver - e como trazem a importância dos livros, filmes e músicas em como nos situamos no mundo. Tudo de forma intensa, doce e, sempre um presente, honesta.
Bill smiled and continued asking me questions. Slowly, he got to "problems at home." And I told him about the boy who makes mix tapes hitting my sister because my sister only told me not to tell mom or dad about it, so I figured I could tell Bill. He got this very serious look on his face after I told him, and he said something to me I don't think I will forget this semester or ever.
"Charlie, we accept the love we think we deserve."

I just stood there, quiet. Bill patted my shoulder and gave me a new book to read. He told me everything was going to be okay. (Pp. 19/20). 
Then, everyone asked what my last gift was, and I told them it was a poem I read a long time ago. It was a poem that Michael made a copy of for me. And I have read it a thousand times since because I don't know who wrote it. I don't know if it was ever in a book or a class. And I don't know how old the person was. But I know that I want to know him or her. I want to know that this person is okay.
So, everyone asked me to stand up and read the poem. And I wasn't shy because we were trying to act like grown-ups, and we drank brandy. And I was warm. I'm still a little warm, but I have to tell you this. So, I stood up, and just before I read this poem, I asked everyone if they knew who wrote it to please tell me.

When I was done reading the poem, everyone was quiet. A very sad quiet. But the amazing thing was that it wasn't a bad sad at all. It was just something that made everyone look around at each other and know that they were there. Sam and Patrick looked at me. And I looked at them. And I think they knew. Not anything specific really. They just knew. And I think that's all you can ever ask from a friend. (Pp. 49/50). 

Anyway, Mary Elizabeth and I went to see a movie downtown. It was what they call an "art" movie. Mary Elizabeth said it won an award at some big film festival in Europe, and she thought that was impressive. As we waited for the movie to start, she said what a shame it was that so many people would go to see a stupid Hollywood movie, but there were only a few people in this theater. Then, she talked about how she couldn't wait to get out of here and go to college where people appreciate things like that.

Then the movie started. It was in a foreign language and had subtitles, which was fun because I had never read a movie before. The movie itself was very interesting, but I didn't think it was very good because I didn't really feel different when it was over.

But Mary Elizabeth felt different. She kept saying it was an "articulate" film. So "articulate." And I guess it was. The thing is, I didn't know what it said even if it said it very well. (P. 93).


I just wish that God or my parents or Sam or my sister or someone would just tell me what's wrong with me. Just tell me how to be different in a way that makes sense. To make this all go away. And disappear. I know that's wrong because it's my responsibility, and I know that things get worse before they get better because that's what my psychiatrist says, but this is a worse that feels too big. (P. 106).

Depois de Wallflower, eu resolvi mudar um pouco de paisagem. E como precisava dar um impulso para o início da dieta ( : ), resolvi ler os dois primeiros livros de uma série que, conforme li e achei que correspondia ao que vi, resolveu capitalizar em cima do Fifty Shades. Ao ler este último, eu perdi 3 quilos... quem sabe conseguia novamente?

Consegui, mesmo que os livros de Sylvia Day, Bared to You e Reflected in You, da série Crossfire (o terceiro será lançado em maio de 2013),, não cheguem perto da visceralidade dos livros de E.L. James. 

Para não deixar dúvidas sobre a inspiração... 
Capitalizar em cima de um sucesso parece algo apenas comercial, e pode ser que predominantemente seja. No entanto, eu penso que traz algo que é essencial: a discussão sobre o que nos toca e o que achamos. Leitores e espectadores constroem muito das histórias que leem e veem em conversas, quando dizem se suas impressões e sentimentos a respeito. Os escritores fazem isso também, nas obras que aparecem na esteira dos grandes fenômenos. Assim foi com Twilight... e Fifty Shades, originalmente uma fanfic do primeiro, está trazendo outras histórias consigo. E nelas, algumas questões são discutidas com mais atenção, outras surgem e algumas coisas criticadas anteriormente aparecem de forma diferente.

Day apresenta o seu perturbado e sofrido herói milionário, Gideon Cross, em um relacionamento com a também perturbada e sofrida - e não tão pobre assim - Eva. Os personagens secundários aparecem com maior importância, e são igualmente sobreviventes de agressões na infância e adolescência.

O que quebra violentamente, para mim, todo o valor que teria essa tentativa de intensificar e tornar mais realistas seus personagens foi  o que disse também quanto a Wallflower: a defesa de uma tese pode prejudicar o que, se diferente, poderia ser uma história bastante bacana. 

Outro prejuízo é a prevalência das situações ao desenvolvimento dos personagens. Absurdos acontecem só porque a autora deve tê-los achado interessantes como trama. Mas aí o que Gideon poderia ser, por exemplo, se perde numa bizarrice que faz o personagem perder todo seu sentido. Outro exemplo é Eva: uma personagem feminina que é apresentada em contraposição a Ana, de Fifty: mais forte, sexualmente experiente, independente... mas que se perde nas teses de Day. 

Porque uma coisa é certa: a ficção precisa fazer sentido. Esse sentido não diz respeito somente a uma narrativa tradicional, num final que explique, em ações que se justifiquem. Nem sempre compreendemos o que faz sentido... Não é disso a que me refiro.  Esse sentido relaciona-se, mais, a uma percepção de vivacidade, de que há vida na história e seus personagens. Quando Day tenta colocar situações excitantes e extremas, muitas vezes ela perde seus personagens de vista. E isso é uma pena, porque há possibilidades muito interessantes ali. 

No cinema, o último filme do mês foi Skyfall (007 - Operação Skyfall. Sam Mendes, Uk/US, 2012). Eu amo de verdade Daniel Craig como 007. E neste último, em que detalhes do personagem aparecem em um dos meus cenários favoritos, isso ficou mais claro. Achei incrível que nenhuma das surpresas do filmes tenham escapado nas reportagens que li. O que reafirma como é bom quando chegamos no cinema e nos surpreendemos...! 




PS1: Com a estreia de Breaking Dawn Part 2, foi lançado um vídeo do Green Day com uma das músicas da trilha sonora. Eu tenho de confessar que, apesar de tudo de bom que já ouvi a respeito de GD, e mesmo sabendo do seu destaque na música há bastante tempo, eu nunca me atraí muito por conhecê-los. Mas a semana passada poderia ser chamada de Green Day Week na história dos meus dias.

No segundo livro da série Crossfire, Eva e Gideon vão a um show de rock. Eva não sabe, claro, mas  a banda é sua conhecida - o vocalista foi uma pessoa importante para ela. Numa cena particularmente bizarra, há uma música e a letra é transcrita no livro. Eu sei lá por que, ao lê-la, eu pensei no Green Day. Vai entender - bom, eu acho até que entendo. Alguma referências nós assimilamos e reconhecemos, mesmo que não conscientemente. Assim, para adiantar fim do causo, depois, ao pesquisar sobre GD, eu vi que há semelhanças mesmo com o que li. 

No dia seguinte, surgiu o vídeo acima, e a minha sensação aumentou. No mesmo dia, eu li que Rachel Evan Wood havia casado com Jamie Bell, ator de Billy Elliot. Eles voltaram a namorar depois de terem ficado juntos após a gravação de um vídeo (que é lindo) para (advinha???) o Green Day há sete anos e ela o haver abandonado por Marilyn Manson.

Assim que GD apareceu com força nos meus dias na semana passada, e eu não sou de virar as costas para isso. Busquei outras músicas, vi um show no youtube e posso dizer que estou no caminho de gostar bastante deles : )