quinta-feira, 25 de outubro de 2012

The Tunnel Song


Bom, depois dos livros, hora de falar dos filmes de outubro. Não foram muitos... mas aqui estão eles.

Havia três que eu queria muito ver, e por eles esperava já há um tempo. Foram os últimos, eu os vi nesta semana  segunda, terça e hoje foram dias de sentar sozinha no cinema e viajar longe. E como são de longe os meus preferidos no mês - e estão entre os de que mais gostei neste ano -, começo por eles. 

Também quis trazê-los aqui primeiro porque eles ainda estão muito presentes em mim. Não é assim porque são os mais recentes, eu acho... mas porque, juntos, criaram um viagem bastante preciosa - especialmente hoje. Todos eles são mais sérios e intensos do que os trailers promocionais ou suas resenhas deixam transparecer...

The Perks of Being a Wallflower (As Vantagens de Ser Invisível. Stephen Chbosky, EUA, 2012) é a adaptação de um livro bastante querido e conhecido nos Estados Unidos. Não sei do filme como uma adaptação (meu livro ainda vai chegar, mas o autor do livro é o diretor e roteirista da produção no cinema, entonces...), mas como filme e história ele é de cortar o coração. Tudo o que vejo e leio acaba por se relacionar num determinado período, e este mês é o outubro da angústia pelo sentido da vida e pelo entendimento do que somos em histórias com foco no público jovem. The Perks traz muito dos que os livros de John Green me disseram, e todos eles acabam por formar uma reflexão sobre essa vida aí que ando vivendo. Sem concessões, mas de forma muito querida e fofa.
Bill smiled and continued asking me questions. Slowly, he got to "problems at home." And I told him about the boy who makes mix tapes hitting my sister because my sister only told me not to tell mom or dad about it, so I figured I could tell Bill. He got this very serious look on his face after I told him, and he said something to me I don't think I will forget this semester or ever.      "Charlie, we accept the love we think we deserve."
(Um trecho do livro que ainda não li... mas essa frase também ficou comigo desde o filme). 
Como as coisas que nos machucam só podem deixar de fazê-lo quando olhamos para elas (hello, Hidra de Lerna), quando trazemos o que é mais sombrio, com muito amor e cuidado, para o alcance da visão, aparece em The Perks sem sentimentalismo bobo. Assim também ocorre com um aspecto que assustadoramente presente e naturalizado no meio escolar, o bullying. A aceitação conformada dos personagens - assim também nas histórias de Green - consegue assustar muito e exigir a atenção.  Outra pancada é também uma forma de abuso que o filme traz, o familiar - velado e muitas vezes inconsciente na vítima. Um olhar honesto e nada condescendente me me fez sair do cinema com o coração apertado e seriamente emocionada.

E os atores? Perfeitos. Ezra Miller já havia se destacado para mim como o Kevin na adaptação do livro de Lionel Shriver. Logan Lerman, o Percy Jackson no cinema, eu vi pela primeira vez numa série de TV bacana, Jack & Bobby (2004), em que ele está excelente. Emma Watson foi aplaudida em pé depois da exibição do filme em Toronto - precisa dizer mais? Paul Rudd conta da desilusão e esperanças do seu personagem sem quase abrir a boca. E Nicholas Braun, que faz o obscuro Ponytail Derek, foi o Cameron na versão para a TV de 10 Things I Hate About You (adoro todas as versões de A Megera Domada... e o filme e a série 10 Things não são diferentes...).

E a  trilha sonora é the best, de acabar com o coração também. O título deste post veio de uma das músicas do filme e que é uma das minhas preferidas na vida. Não vou trazê-la aqui - ia colocar o vídeo, mas ela é tão especial no filme que, call me crazy, merece ser reconhecida ao vivo e a cores, na sala de cinema...

Ontem foi a vez de Ruby Sparks (Ruby Sparks: A namorada perfeita. Jonathan Dayton, Valerie Faris, EUA, 2012) um filme que, segundo Amanda me disse, não está muito elogiado pela crítica. What do they know? Sério? A história é original e interessante e inteligente, divertida e heartbreaking. Os atores estão bons demais - Paul Dano é o namorado nada imaginário da atriz principal e roteirista do filme, Zoe Kazan, que eu nunca havia visto e achei excelente. O ritmo do filme é afinado. E, mais incrível de tudo, ele trouxe para mim o que eu penso sobre a ficção e a chamada vida real... O final me lembrou muito um trecho de Walter Benjamin, em sobre como a arte pode trazer uma prévia da vida, antes mesmo que ela aconteça.
CASA MOBILIADA. PRINCIPESCA. DEZ CÔMODOS.
Do estilo de mobiliário da segunda metade do século XIX, a única apresentação suficiente, e análise ao mesmo tempo, é dada por uma certa espécie de romances de crime em cujo centro dinâmico está o terror da casa. A disposição dos móveis é ao mesmo tempo o plano topográfico das ciladas mortais e a enfiada dos cômodos prescreve à vítima o itinerário da fuga. O fato de que exatamente essa espécie de romance de crime começa com Poe - em um tempo, portanto, em que tais moradias quase não existiam ainda - não diz nada em contrário. Pois os grandes escritores, sem exceção, fazem suas combinações em um mundo que vem depois deles, com as ruas parisienses dos poemas de Baudelaire só existiram depois de 1900 e também não antes disso os seres humanos de Dostoievski.  
(Walter Benjamin, Rua de Mão única. Editora Brasiliense, 1995, pp. 14/15). 
Na segunda, a noite foi de Moonrise Kingdom (Wes Anderson, EUA, 2012), filme que esperava há tempos, o mais recente de um dos meus diretores mais queridos (The Royal Tenenbaums é for life também, além do último capítulo da minha dissertação de mestreado :). Wes Anderson conta uma história deixando claro que ela é uma história: nos seus filmes, os elementos da narrativa são expostos - o narrador, os capítulos, a trilha sonora, a caracterização dos personagens... As imagens com que ele narra são bastante peculiares e próprias - elas têm um pezinho no bizarro, mas, assim, distintas, contam da vida muito bem. Outro filme absolutamente fofo e de cortar o coração sobre as aventuras de viver. 

Edward Norton e Bruce Willis estão excelentes e são presenças bastante bem-vindas!

Bruce Willis está também em filme que vi mais no começo do mês, Looper (Looper: Assassinos do Futuro. Rian Johson, US/China, 2012) e de que gostei muito. É uma bagunça de estilos e gêneros, uma delícia. A cada hora ele descamba para algo totalmente diferente, bem doido. É uma curtição de filme, SciFi de qualidade, rs, com a presença também de Emily Blunt e Gordan-Lewite , com uma maquiagem bizarra para se assemelhar a Bruce Wilis. Creepy.

De Um Divâ para Dois (Hope Springs. David Franke, US, 2012) eu não fiquei muito fan, apesar de trazer Meryl Streep, Stevie Carell (de quem gosto muito desde Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada - não, não foi com The Office, que não consigo assistir por nada neste mundo) e Tommy Lee Jones com sua expressão de cachorro bravo -  não precisaria de mais nada no filme. Mas teve mais coisa, certo?: E não sei se foram as circunstâncias nada tranquilas em que fui ao cinema (todas da minha responsabilidade, mas mesmo assim...), mas a história do casal que tenta reavivar seu casamento de 30 anos não me convenceu, apesar de a ideia ser muito boa. Não sei também se é possível construir um filme em torno de sentimentos e questões humanas tão intensas sem se comprometer com absolutamente nada. Tudo aparece muito de forma rápida e superficial, na linha de que tudo fica bem quando acaba bem. Mas o que acontece no meio é basicamente desprezado. Uma pena, porque o filme poderia ter sido muito mais com um pouco menos de preguiça e mais cuidado.

As outras histórias no cinema, neste mês, foram com as kids. Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania. Genndy Tartakovsky - sério? US, 2012) já vimos duas vezes, um queridinho. Ele tem vários problemas, a tradução é infame, mas a história é fofíssima (palavra do dia) e, na linha de Brave, coloca em foco o crescimento da protagonista em relação a um dos pais: a filha de Drácula é criada por ele somente, após a morte da mãe. Ele quer protegê-la de um mundo humano ameaçador, ela quer conhecer o mundo - a confusão que já conhecemos. O pequeno riu tanto, e tão alto, que pensei que iam expulsá-lo do cinema. Uma atração à parte.

Por fim (neste post, porque o mês ainda não acabou), o lançamento de Procurando Nemo (Finding Nemo. Andrew Stanton, Austrália/US, 2003)  em 3D pode não ter trazido nenhuma mudança ao filme, mas para mim foi um presente. O filme não envelhece... e Dory é uma das personagens mais geniais já criadas. Amei revê-la no cinema. 



PS1: O prólogo de The Royal Tenenbaums (que o título em português, Os Excêntricos Tenenbaums, preveniu muitos de chegarem ao cinema) é genial. Wes Anderson constrói suas histórias em músicas, narrativas infinitas no que trazem de reminiscências e referências. Vi Tenenbaums esses dias num dos livros de John Green. Em An Abundance of Katherines, que está no post abaixo, a principal Katherine da vida de Colin o apresenta ao filme : )

PS2: Steve Carell, de Um Divã para Dois, e Paul Dano, de Ruby Sparks, encontraram-se aqui hoje... e podem ser visto juntos também em Pequena Miss Sunshine. O personagem de Dano é de cortar o coração e expõe honestamente o quanto família pode ser uma sentença - o lema de Tenenbaums, aliás.

PS3: Já há algum tempo, eu tenho a vontade de assistir a uma exibição de The Rocky Horror Picture Show no cinema. O filme na tela, performances que o acompanham... Eu quase cheguei a ele no Cinema Galande em Paris. Mas fiquei no quase. The Perks of Being a Wallflower compensou um pouco essa perda - com uma das minhas músicas favoritas!!! - e já me preparou para o que posso encontrar no cinema quando conseguir finalmente chegar a uma performance.


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