quinta-feira, 25 de outubro de 2012

The Tunnel Song


Bom, depois dos livros, hora de falar dos filmes de outubro. Não foram muitos... mas aqui estão eles.

Havia três que eu queria muito ver, e por eles esperava já há um tempo. Foram os últimos, eu os vi nesta semana  segunda, terça e hoje foram dias de sentar sozinha no cinema e viajar longe. E como são de longe os meus preferidos no mês - e estão entre os de que mais gostei neste ano -, começo por eles. 

Também quis trazê-los aqui primeiro porque eles ainda estão muito presentes em mim. Não é assim porque são os mais recentes, eu acho... mas porque, juntos, criaram um viagem bastante preciosa - especialmente hoje. Todos eles são mais sérios e intensos do que os trailers promocionais ou suas resenhas deixam transparecer...

The Perks of Being a Wallflower (As Vantagens de Ser Invisível. Stephen Chbosky, EUA, 2012) é a adaptação de um livro bastante querido e conhecido nos Estados Unidos. Não sei do filme como uma adaptação (meu livro ainda vai chegar, mas o autor do livro é o diretor e roteirista da produção no cinema, entonces...), mas como filme e história ele é de cortar o coração. Tudo o que vejo e leio acaba por se relacionar num determinado período, e este mês é o outubro da angústia pelo sentido da vida e pelo entendimento do que somos em histórias com foco no público jovem. The Perks traz muito dos que os livros de John Green me disseram, e todos eles acabam por formar uma reflexão sobre essa vida aí que ando vivendo. Sem concessões, mas de forma muito querida e fofa.
Bill smiled and continued asking me questions. Slowly, he got to "problems at home." And I told him about the boy who makes mix tapes hitting my sister because my sister only told me not to tell mom or dad about it, so I figured I could tell Bill. He got this very serious look on his face after I told him, and he said something to me I don't think I will forget this semester or ever.      "Charlie, we accept the love we think we deserve."
(Um trecho do livro que ainda não li... mas essa frase também ficou comigo desde o filme). 
Como as coisas que nos machucam só podem deixar de fazê-lo quando olhamos para elas (hello, Hidra de Lerna), quando trazemos o que é mais sombrio, com muito amor e cuidado, para o alcance da visão, aparece em The Perks sem sentimentalismo bobo. Assim também ocorre com um aspecto que assustadoramente presente e naturalizado no meio escolar, o bullying. A aceitação conformada dos personagens - assim também nas histórias de Green - consegue assustar muito e exigir a atenção.  Outra pancada é também uma forma de abuso que o filme traz, o familiar - velado e muitas vezes inconsciente na vítima. Um olhar honesto e nada condescendente me me fez sair do cinema com o coração apertado e seriamente emocionada.

E os atores? Perfeitos. Ezra Miller já havia se destacado para mim como o Kevin na adaptação do livro de Lionel Shriver. Logan Lerman, o Percy Jackson no cinema, eu vi pela primeira vez numa série de TV bacana, Jack & Bobby (2004), em que ele está excelente. Emma Watson foi aplaudida em pé depois da exibição do filme em Toronto - precisa dizer mais? Paul Rudd conta da desilusão e esperanças do seu personagem sem quase abrir a boca. E Nicholas Braun, que faz o obscuro Ponytail Derek, foi o Cameron na versão para a TV de 10 Things I Hate About You (adoro todas as versões de A Megera Domada... e o filme e a série 10 Things não são diferentes...).

E a  trilha sonora é the best, de acabar com o coração também. O título deste post veio de uma das músicas do filme e que é uma das minhas preferidas na vida. Não vou trazê-la aqui - ia colocar o vídeo, mas ela é tão especial no filme que, call me crazy, merece ser reconhecida ao vivo e a cores, na sala de cinema...

Ontem foi a vez de Ruby Sparks (Ruby Sparks: A namorada perfeita. Jonathan Dayton, Valerie Faris, EUA, 2012) um filme que, segundo Amanda me disse, não está muito elogiado pela crítica. What do they know? Sério? A história é original e interessante e inteligente, divertida e heartbreaking. Os atores estão bons demais - Paul Dano é o namorado nada imaginário da atriz principal e roteirista do filme, Zoe Kazan, que eu nunca havia visto e achei excelente. O ritmo do filme é afinado. E, mais incrível de tudo, ele trouxe para mim o que eu penso sobre a ficção e a chamada vida real... O final me lembrou muito um trecho de Walter Benjamin, em sobre como a arte pode trazer uma prévia da vida, antes mesmo que ela aconteça.
CASA MOBILIADA. PRINCIPESCA. DEZ CÔMODOS.
Do estilo de mobiliário da segunda metade do século XIX, a única apresentação suficiente, e análise ao mesmo tempo, é dada por uma certa espécie de romances de crime em cujo centro dinâmico está o terror da casa. A disposição dos móveis é ao mesmo tempo o plano topográfico das ciladas mortais e a enfiada dos cômodos prescreve à vítima o itinerário da fuga. O fato de que exatamente essa espécie de romance de crime começa com Poe - em um tempo, portanto, em que tais moradias quase não existiam ainda - não diz nada em contrário. Pois os grandes escritores, sem exceção, fazem suas combinações em um mundo que vem depois deles, com as ruas parisienses dos poemas de Baudelaire só existiram depois de 1900 e também não antes disso os seres humanos de Dostoievski.  
(Walter Benjamin, Rua de Mão única. Editora Brasiliense, 1995, pp. 14/15). 
Na segunda, a noite foi de Moonrise Kingdom (Wes Anderson, EUA, 2012), filme que esperava há tempos, o mais recente de um dos meus diretores mais queridos (The Royal Tenenbaums é for life também, além do último capítulo da minha dissertação de mestreado :). Wes Anderson conta uma história deixando claro que ela é uma história: nos seus filmes, os elementos da narrativa são expostos - o narrador, os capítulos, a trilha sonora, a caracterização dos personagens... As imagens com que ele narra são bastante peculiares e próprias - elas têm um pezinho no bizarro, mas, assim, distintas, contam da vida muito bem. Outro filme absolutamente fofo e de cortar o coração sobre as aventuras de viver. 

Edward Norton e Bruce Willis estão excelentes e são presenças bastante bem-vindas!

Bruce Willis está também em filme que vi mais no começo do mês, Looper (Looper: Assassinos do Futuro. Rian Johson, US/China, 2012) e de que gostei muito. É uma bagunça de estilos e gêneros, uma delícia. A cada hora ele descamba para algo totalmente diferente, bem doido. É uma curtição de filme, SciFi de qualidade, rs, com a presença também de Emily Blunt e Gordan-Lewite , com uma maquiagem bizarra para se assemelhar a Bruce Wilis. Creepy.

De Um Divâ para Dois (Hope Springs. David Franke, US, 2012) eu não fiquei muito fan, apesar de trazer Meryl Streep, Stevie Carell (de quem gosto muito desde Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada - não, não foi com The Office, que não consigo assistir por nada neste mundo) e Tommy Lee Jones com sua expressão de cachorro bravo -  não precisaria de mais nada no filme. Mas teve mais coisa, certo?: E não sei se foram as circunstâncias nada tranquilas em que fui ao cinema (todas da minha responsabilidade, mas mesmo assim...), mas a história do casal que tenta reavivar seu casamento de 30 anos não me convenceu, apesar de a ideia ser muito boa. Não sei também se é possível construir um filme em torno de sentimentos e questões humanas tão intensas sem se comprometer com absolutamente nada. Tudo aparece muito de forma rápida e superficial, na linha de que tudo fica bem quando acaba bem. Mas o que acontece no meio é basicamente desprezado. Uma pena, porque o filme poderia ter sido muito mais com um pouco menos de preguiça e mais cuidado.

As outras histórias no cinema, neste mês, foram com as kids. Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania. Genndy Tartakovsky - sério? US, 2012) já vimos duas vezes, um queridinho. Ele tem vários problemas, a tradução é infame, mas a história é fofíssima (palavra do dia) e, na linha de Brave, coloca em foco o crescimento da protagonista em relação a um dos pais: a filha de Drácula é criada por ele somente, após a morte da mãe. Ele quer protegê-la de um mundo humano ameaçador, ela quer conhecer o mundo - a confusão que já conhecemos. O pequeno riu tanto, e tão alto, que pensei que iam expulsá-lo do cinema. Uma atração à parte.

Por fim (neste post, porque o mês ainda não acabou), o lançamento de Procurando Nemo (Finding Nemo. Andrew Stanton, Austrália/US, 2003)  em 3D pode não ter trazido nenhuma mudança ao filme, mas para mim foi um presente. O filme não envelhece... e Dory é uma das personagens mais geniais já criadas. Amei revê-la no cinema. 



PS1: O prólogo de The Royal Tenenbaums (que o título em português, Os Excêntricos Tenenbaums, preveniu muitos de chegarem ao cinema) é genial. Wes Anderson constrói suas histórias em músicas, narrativas infinitas no que trazem de reminiscências e referências. Vi Tenenbaums esses dias num dos livros de John Green. Em An Abundance of Katherines, que está no post abaixo, a principal Katherine da vida de Colin o apresenta ao filme : )

PS2: Steve Carell, de Um Divã para Dois, e Paul Dano, de Ruby Sparks, encontraram-se aqui hoje... e podem ser visto juntos também em Pequena Miss Sunshine. O personagem de Dano é de cortar o coração e expõe honestamente o quanto família pode ser uma sentença - o lema de Tenenbaums, aliás.

PS3: Já há algum tempo, eu tenho a vontade de assistir a uma exibição de The Rocky Horror Picture Show no cinema. O filme na tela, performances que o acompanham... Eu quase cheguei a ele no Cinema Galande em Paris. Mas fiquei no quase. The Perks of Being a Wallflower compensou um pouco essa perda - com uma das minhas músicas favoritas!!! - e já me preparou para o que posso encontrar no cinema quando conseguir finalmente chegar a uma performance.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Everything's so F%@*&#% Green

Não fazem muitos dias, eu reclamava muito comigo mesma como não encontrava nenhum livro ou autor que me prendesse de uma forma que o mundo parece não existir.

Bom, é só pedir, não é?

Um pouco depois desses dias, Amandita me perguntou se eu conhecia John Green, um autor que estava muito elogiado e do qual ela havia comprado um box com os seus quatro livros. Eu disse que não conhecia, mas, quando fui procurá-lo na internet, vi que ele já estava me rondando há algum tempo.

E assim, num daqueles frenesis tão típicos meus, encomendei seus livros na Cultura e, em uma semana, li os quatro - An Abundance of Katherines (2008), The Fault in Our Stars (A Culpa é das Estrelas, 2012), Looking for Alaska (Quem é Você, Alaska?, 2006), Paper Towns (2009), nessa ordem. Assim. Noites em claro e histórias que fizeram um sentido enorme para mim neste momento.

Eu li os quatro fora da ordem em que eles foram escritos - mas, agora, recomendo que essa ordem seja seguida. Não que as histórias factualmente se interliguem ou continuem, mas há um crescendo na escrita de Green que se faz clara se pensarmos na cronologia dos seus livros.

O mais conhecido do público, hoje, e bastante presente nas livrarias no Brasil, foi o segundo que li, The Fault in Our Stars (A Culpa é das Estrelas, 2012). Nesse eu quase morri, e por isso com ele eu começo a jornada verde no Viagens hoje.

É sempre uma surpresa, um presente e também uma grande dor quando encontramos a nossa vida em uma história - Hazel, a protagonista, conta justamente isso. E, novamente, não falo de fatos apenas... mas dos sentimentos, dúvidas, questões e aquelas coisas que às vezes não admitimos para nós mesmos, mas que, numa narrativa bem construída, nos confrontam sem saída.
This is not so much an author’s note as an author’s reminder of what was printed in small type a few pages ago: This book is a work of fiction. I made it up.Neither novels nor their readers benefit from attempts to divine whether any facts hide inside a story. Such efforts attack the very idea that made-up stories can matter, which is sort of the foundational assumption of our species. I appreciate your cooperation in this matter.
Stars, como já disse acima, conta a história de Hazel Grace, 16 anos, que tem um câncer incurável há três. Por um medicamento milagroso - que o autor esclarece, ao final, que não existe -, ela consegue um tempo a mais neste mundo, numa vida em que ela não encontra muito sentido até que conhece Augustus Waters (que figura). Os personagens são incrivelmente divertidos e queridos, a história é fofa e forte e, ao final, eu passei por 50 páginas chorando tanto, mas tanto, que o recomendável seria parar de ler. E quem disse que dava para parar??? 

Foi uma noite em claro que me valeu de reflexão e conhecimento sobre mim mesma de um modo que é bastante difícil descrever. E escrever sobre. Mas não me leve a mal... o livro não é lágrimas e tristeza e adolescentes moribundos... bom, tem tudo isso aí, mas como eu disse, fatos shmatos. Uma história é muito mais do que fatos.

E Hazel conta disso também: num livro que disse muito de mim, a personagem principal apresenta uma obra que diz muito dela...


“There!” Augustus almost shouted. “Hazel Grace, you are the only teenager in America who prefers reading poetry to writing it. This tells me so much. You read a lot of capital-G great books, don’t you?”“I guess?”“What’s your favorite?”“Um,” I said.My favorite book, by a wide margin, was An Imperial Affliction, but I didn’t like to tell people about it. Sometimes, you read a book and it fills you with this weird evangelical zeal, and you become convinced that the shattered world will never be put back together unless and untilall living humans read the book. And then there are books like An Imperial Affliction, which you can’t tell people about, books so special and rare and yours that advertising your affection feels like a betrayal. It wasn’t even that the book was so good or anything; it was just that the author, Peter Van Houten, seemed to understand me in weird and impossible ways. An Imperial Affliction was my book, in the way my body was my body and my thoughts were my thoughts.

Even so, I told Augustus. “My favorite book is probably An Imperial Affliction,” I said.

“Does it feature zombies?” he asked.“No,” I said.“Stormtroopers?”I shook my head. “It’s not that kind of book.”He smiled. “I am going to read this terrible book with the boring title that does not contain stormtroopers,” he promised, and I immediately felt like I shouldn’t have told him about it. Augustus spun around to a stack of books beneath his bedside table. He grabbed a paperback and a pen. As he scribbled an inscription onto the title page, he said, “All I ask in exchange is that you read this brilliant and haunting novelization of my favorite video game.” He held up the book, which was called The Price of Dawn. I laughed and took it. (P. 14).

“Hazel Grace,” he said.“Hi,” I said. “How are you?”“Grand,” he said. “I have been wanting to call you on a nearly minutely basis, but I have been waiting until I could form a coherent thought in re An Imperial Affliction.” (He said “in re.” He really did. That boy.)

“And?” I said.“I think it’s, like. Reading it, I just kept feeling like, like.”“Like?” I asked, teasing him.“Like it was a gift?” he said askingly. “Like you’d given me something important.”“Oh,” I said quietly.“That’s cheesy,” he said. “I’m sorry.”“No,” I said. “No. Don’t apologize.”“But it doesn’t end.”“Yeah,” I said.“Torture. I totally get it, like, I get that she died or whatever.”

“Right, I assume so,” I said.“And okay, fair enough, but there is this unwritten contract between author and reader and I think not ending your book kind of violates that contract.”“I don’t know,” I said, feeling defensive of Peter Van Houten. “That’s part of what I like about the book in some ways. It portrays death truthfully. You die in the middle of your life, in the middle of a sentence. But I do—God, I do really want to know what happens to everyoneelse. That’s what I asked him in my letters. But he, yeah, he never answers.” (P. 24).
Depois que terminei o livro, sem conseguir me desligar dele, transitei pela internet. Soube, então, quem foi Esther Earl, a quem o livro é dedicado e inspirado - embora não em fatos (esta é a palavra do dia, pelo visto), como esclarece Green logo de início. Esther morreu de câncer aos 16 anos, e se tornou conhecida na internet por um dos sites de John Green (ele e o irmão Hank são virtualmente bastante presentes : ), o nerdfighteria.org. Por conta disso, Stars já era bastante esperado e conhecido antes mesmo do seu lançamento, que foi antecipado em 3 meses neste ano pelo grande número de pré-vendas no amazon.com. Histórias atrás da história... Que são só curiosidades descobertas por uma pessoa que demorou um bocado para se desligar de Hazel e Gus.
“I’m like. Like. I’m like a grenade, Mom. I’m a grenade and at some point I’m going to blow up and I would like to minimize the casualties, okay?”My dad tilted his head a little to the side, like a scolded puppy.“I’m a grenade,” I said again. “I just want to stay away from people and read books and think and be with you guys because there’snothing I can do about hurting you; you’re too invested, so just please let me do that, okay? I’m not depressed. I don’t need to get out more.And I can’t be a regular teenager, because I’m a grenade.”( P. 31).
Depois da pancada, mais um mergulho meio complicado. Looking for Alaska (2006). foi o terceiro que li, logo após Stars. Como o primeiro livro de Green, ele traz algumas diferenças de alma em relação aos outros. É mais pesado, menos fofo, mais sem esperanças. Ele se relaciona bastante com Stars, mas traz um peso que este não tem, apesar da temática. O que senti em Alaska foi que Green queria falar da juventude numa forma como a contracultura dos Estados Unidos fez nos anos 60. Mas como já havia entrado em contato com duas de suas histórias que conseguem fazer justamente isso de forma incrivelmente doce, Alaska conseguiu sobretudo trazer uma angústia complicada. 
When adults say, "Teenagers think they are invincible" with that sly, stupid smile on their faces, they don't know how right they are. We need never be hopeless, because we can never be irreparably broken. We think that we are invincible because we are. We cannot be born, and we cannot die. Like all energy, we can only change shapes and sizes and manifestations. They forget that when they get old. They get scared of losing and failing. But that part of us greater than the sum of our parts cannot begin and cannot end, and so it cannot fail. (P. 112).
Mas nele ficou clara a trilha que Green traça em seus livros. Alguns elementos estão sempre presentes e, longe de serem uma repetição, criam uma identidade entre seus personagens e suas vidas. 1. tulipas e 2. anagramas e 3. road trips e 4. judeus com cabelos absurdos e 5. o bullying na escola como uma realidade cotidiana e 6. melhores amigos baixinhos e sem noção, muito divertidos e que gostam de ser chamados de big Daddy e 7. a narrativa em primeira pessoa e 8. sentenças enumeradas... Mas a minha favorita de todas é a declaração de amor para quem já não está presente: I love you present tense. E o coração despedaça.
"What a mistake it is to distill this poem into something hopeless. I hope that's not the case, Quentin. If you read the whole poem, I don't see how you can come to any conclusion, except that life is sacred and valuable. But - who knows. Maybe she skimmed it for what she was looking for. We often read poems that way. But if so, she completely misunderstood what Whitman was asking of her.""And what's that?"She closed the book and looked right at me in a way that made it impossible for me to hold her gaze. "What do you think of it?""I don't know,' I said, staring at a stack of graded papers on her desk. "I've tried to read it straight through a bunch of times, but I haven't gotten very far. Mostly, I just read the parts she hightlighted. I'm reading it to try to understand Margo, not to try to understand Whitman." (P. 161).
Bom, voltando ao início, o primeiro livro de Green a que cheguei foi An Abundance of Katherines, e ele foi o escolhido para conhecer o autor pelo, claro, título super fofo. E o livro não é menos querido. Caminhei por ele bastante feliz de, finalmente!!!, haver encontrado um livro que me prendesse tanto - eu nem sabia ainda da novela que seria a semana, rs. 

It rather goes without saying that Katherine drank her coffee black. Katherines do, generally. They like their coffee like they like their ex-boyfriends: bitter. (p.77). 
You can love somenone so much, he thought. But you can never love people as much as you can miss them. (p. 105).
It's so easy to get stuck. You just get caught in being something, being special or cool or whatever, to the point where you don't even know why you nees it; you just think you do. (p. 201).
What you remember becomes what happened. (p. 208).
Nele, logo me chamou a atenção algo muito presente em Green: questões com que lidamos na adolescência e que podem parecer tão naturais, mas não são. Definem o que somos. Melhor, nos ajudam a descobrir o que somos e o que queremos. Mas essa descoberta não é simples e não é fácil. Em Katherines ela aparece na percepção que Colin Singleton  tem do que ele não é mais... do que não serve mais... do que, até então, ele achava que o definia, mas não mais. Cheguei ao final do livro pensando assim: e essa é uma questão apenas da adolescência? I don't think so. Ela continua, feliz e miseravelmente, por toda a vida. Aliás, essas questões se tornam a vida e nos fazem movimentar. Nem que seja para abrir o próximo livro...

Assim chegamos, enfim, ao útlimo livro da saga Green, rs. Enquanto Alaska e Stars se encontram muito proximamente, o mesmo acontece com Katherines e Paper Towns (2009). Aqui, o bullying na escola e a incapacidade dos pais de entenderem a inadequação dos próprios filhos apareceu para mim com destaque. O menino que procura entender a menina que ama é outra pista em comum na trilha de Green, e vem com força contar do que é conhecer realmente a pessoa que se ama. Muito inteligente, absurdamente divertido (o que chorei em Stars, ri aqui) e, acima de tudo, fofo, fofo,fofo. Foi uma boa semana :)

No meio dela, no entanto, após terminar de ler Looking for Alaska, eu estava tão perdida no espaço, meus sentimentos eram tão esquisitos, que parei em frente à estante de romances em inglês na Cultura e pequei o primeiro que vi e que custava 20 reais. Eu precisava de um altas e, além disso, Paper Towns ainda não havia chegado. 

Foi nesse intervalo que conheci uma autora norte-americana de romances bastante conhecida por lá. E precisava de mais uma, e agora, quando estou com a missão impossível de ler todos os livros da Nora Roberts? Bom, precisar não precisava... mas quando é que a vida é só necessidade?

Cheguei a Lisa Kleypas, claro, pelo terceiro livro de uma de suas trilogias. Eu sempre faço isso. Tanto que já se tornou um hábito voluntário - às vezes eu o faço de propósito. Inverto a ordem dos capítulos de uma trilogia e brinco um pouco com o tempo e o conhecimento dos personagens. 

Eu não sabia que Smooth Talking Stranger (eu disse que estava perturbada, rs) fazia parte de uma série. Vi na estante, peguei, paguei e levei para casa. Foi um respiro bom numa semana intensa, mas nem por isso um respiro inócuo. 

Tudo o que costuma fazer dos romances voltados para o público feminino um gênero bastante reconhecível está nos livros de Kleypas. Mas há mais, e essa foi uma surpresa boa. De início, já é possível perceber que ela se preocupa em construir um contexto para seus personagens, uma vida, um histórico - uma coisa difícil de encontrar no gênero. E, apesar de os livros serem bastante descompromissados, essa tentativa de dar complexidade aos personagens é bacana. 

Isso é mais perceptível nos dois primeiros livros da série, que li depois, Suggar Daddy (que título terrível) e Blue-Eyed Devil (ugh). Apesar dos nomes, os dois são bastante coesos e trazem uma conexão entre os personagens que vai além do parentesco. Como Nora Roberts, Kleypas também foca sua trilogia em três irmãos de uma mesma família. Mas faz algo de que gostei muito: 

É assim: o amor nos romances é algo absoluto. Bateu, olhou, é batata. E para o resto da vida. E ouse você mexer nisso. Kleypas traz uma percepção de que gosto muito de encontrar nas histórias, mesmo que seja de cortar o coração para uma cria do amor romântico como eu: as circunstâncias e, sobretudo, as pessoas envolvidas no apaixonar-se mudam, e o que era pode não continuar a ser. E sem problemas, certo? O amor não foi menos intenso e verdadeiro por isso. Parece lógico dizer assim, mas a literatura romântica briga muito com isso... e constrói suas histórias de forma bem diferente.

Tanto que me surpreendi quando tive essa percepção mais clara: foi em O Novo Mundo (The New World, US/UK, 2005), filme de Terence Malick, um dos meus diretores de cinema favoritos ever, e que conta a história de Pocahontas  e sua paixão por John Smith. Ao final do filme, quando eles se encontram na Inglaterra, ela já casada, eles tentam ver no outro o que sentiram há anos e não conseguem. O amor não está mais lá. É uma das coisas mais tristes que já vi... essa percepção do que já não é. 
I no longer believed in the idea of soul mates, or love at first sight. But I was beginning tobelieve that a very few times in your life, if you were lucky, you might meet someone who was exactly right for you. Not because he was perfect, or because you were, but because your combined flaws were arranged in a way that allowed two separate beings to hinge together. (Blue-Eyed Devil, p.194). I have come to realize you can never be truly happy unless you've known some sorrow. All the terrible things Hardy and I have gone through in our lives have created the spaces inside where happiness can live. Not to mention love. So much love that there doesn't seem to be room for bitterness in either of us.(Blue-Eyed Devil, p. 217).

Lisa Kleypas tenta trazer um pouco disso para a sua trilogia, mas sem aprofundar muito, o que foi uma pena. Daria uma boa história.

Mas a autora traz outras questões, e uma delas, presente no segundo livro, me chamou a atenção pela familiaridade. Ela apresenta algo que eu não conhecia e que se chama Narcissistic Personality Disorder - no Brasil, encontrei sites com a denominação de Síndrome do Narcisismo Maligno. Algumas (poucas, thanks God) pessoas que conheço e histórias que ouvi passaram a fazer mais sentido. Como sempre, a ficção me contanto, em diferentes aspectos, da vida fora das páginas.

Ao final do livro, a autora esclarece:
As I researched Blue-Eyed Devil and contemplated the personal journey of my heroine Haven Travis, I became amazed by how widespread the issues of abuse and narcissistic personality disorder are, and how seldom they are discussed in the media. I think part of the problem is that victims of verbal and emotional abuse — which can occur at home, in the workplace, or in any kind of relationship — are so accustomed to what they think of as "normal" behavior, they aren't aware of what "normal" really is. No person has the right to bully, slander, or control someone else. No person has the right to diminish or harm another person in any way. I have found a few websites that I think are very informative about abuse and personality disorders. They contain links, articles, and resources for anyone interested in finding out more about these problems.
There is also a National Domestic Violence Hotline, which has a website as well as a phone
number.
Quanto à missão quase impossível de ler todos os livros de Nora Roberts, confesso que ela se torna cada vez mais cansativa. Tenho que ir mais aos poucos, principalmente neste mês em que li os livros de uma autora concorrentes. Mas mais três romances de NR entraram na lista dos "lidos" em outubro: O primeiro livro da da série Lindsay Dune, Reflexions, da qual já havia lido o segundo e que fala bastante de balet, que, como já disse, amo; o primeiro de uma série chamada Great Cheffs, Summer Desserts, não foi nada mal, mas muito exagerado demais além da conta ( : ) e o último da trilogia que ela chamou posteriormente de A Little Magic, Ever After, o menos pior dos três, mas também nada lá essas coisas (os dois anteriores estão no post passado, In Dreams e Spellbound). 

Escrevendo este post, cheguei à conclusão que vou ter de faze uma pausa na missão, está dureza e não é esse o sentido das coisas, certo?




PS1: Ao entrar no mundo de um autor de forma tão imediata, a dificuldade maior, ao final, é sair desse mundo. O final de uma série, seja no cinema, na TV ou na literatura, deixa esse vazio. Algo fica faltando até que encontremos outro mundo ou coloquemos os pés novamente no chão.

Com os livros do Green não foi diferente. Queria continuar ali. Sem livros solo do autor, Amandita me indicou os que ele escreveu em conjunto com outras pessoas. Um deles é Will Grayson Will Grayson, com David Levithan. Assim, ao pesquisar este último, descobri que ele escreveu um filme que adoro e que acho absolutamente fofo: Nick and Norah's Infinite Playlist (Peter Sollet, US, 2008). O livro eu vou encomendar, o filme já vi novamente e, dessa forma, o mundo que John Green divide com autores que também o habitam continua perto : )

PS2: O título deste post veio também de um filme, um dos meus favoritos ever e dos mais engraçados que já vi - literalmente de cair da cadeira. Em Morte no Funeral (Death at a Funeral. Frank Oz, US/Alemanha/UK/Holanda, 2007), os familiares do morto vão ao seu funeral, mas dá para perceber como homenageá-lo é a última preocupação da maioria. Um deles, nervosíssimo de encontrar o sogro, ingere o valium que encontra na casa do cunhado, sem saber que o conteúdo não corresponde ao rótulo. Com a cabeça imersa em ácido, ele chega à casa em que se dará o funeral e, encantado com o que vê ao redor, exclama: It's very green here, isn't it? It's, like, so green. Everything is so fucking green!!! Como esta semana, so much Green...



Este trecho é do começo do filme, ainda devagar... Mas Alan Tudyk começa a pifar aos 3min32... chegando ao verde nos 5min19 :)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Setembro em Outubro, com resquícios de Agosto...

Em agosto, entrei em contato, a partir da sugestão das minhas gurus nerds, Amanda e Melissa, com a mais recente adaptação da BBC de Londres para o personagem de Sir Arthur Conan Doyle. Sabe aquele? Como é mesmo? Ah, Sherlock Holmes.

Ao assistir ao primeiro filme (são seis filmes, e não episódios, divididos em duas temporadas até agora) em encantamento e algo bastante perto da histeria, várias ideias vieram à minha cabeça. Uma delas é como um personagem bem construído não tem idade e tempo... 

Outra delas foi que, apesar de geralmente afirmar que gosto de Sherlock, eu não havia lido nada do Conan Doyle ainda. Percebi, assim, como alguns personagens se constroem no imaginário sem que saibamos exatamente como... eles se tornam praticamente um senso comum. Deles falamos com proximidade, sem saber exatamente como essa intimidade surgiu. 

O seriado criado por Mark Gafiss e Steven Moffat eu considero genial. Absolutamente genial. E não sou a única... a reação à série é tão forte que tem sido rechaçada, hoje, principalmente pelos críticos de TV norte -americanos. Eu penso ser uma oposição que tenta diminuir a produção inglesa para dar mais destaque à nova adaptação nos US, Elementary - Sherlock, apesar da sua indiscutível qualidade, foi ignorada nas indicações do Emmy deste ano, exceto pela indicação a melhor ator de mini-série a Benedict Cumberbach.

Bom, eu vi as duas, gostei, embora ache o Sherlock americano de Jonny Lee Miler mais bobinho. Ele se explica muito, quase desnecessariamente, e tira um pouco, para mim, do extremo que o personagem traz em si. Assim, a  genialidade ainda permanece, a meu ver, com o Sherlock inglês de Cumberbach, um psicopata maravilhoso que se disfarça de ator : )  Mas o mundo tem espaço para os dois, e mais até, como provam os filmes anteriores de Guy Ritchie produzidos para o cinema sobre Sherlock - com o também incrível e doente Robert Downey Jr.

Por falar em incrível, o já citado Cumberbach, em seu Sherlock, tem em Martin Freeman, com Watson, uma contrapartida à altura. Os dois juntos são indescritíveis, reinventam uma das parcerias mais ilustres da literatura com  suas sutilezas e complexidades, e o fazem com muita competência e respeito. A amizade crescente dos dois dá alma às histórias de Sherlock, e essa alma aparece na série com toda a sua força.

No quinto filme da série, há um diálogo de que gosto muito entre Sherlock e Watson - ele não é o mais impressionante, mas define bem o entendimento entre os dois, além de ser o único que decorei.

A conversa ocorre mais ou menos assim: Depois de solucionar o caso do Cão de Barkesvilles, Watson senta, com seu modo tranquilo, numa mesa ao ar livre para almoçar. Sherlock, ao seu lado, se movimenta sem parar, com uma xícara de chá (café?). Do alto, diz a Watson que não entende por que não sacrificaram o cão. 

Watson: They couldn't do it.
Sherlock: Ah, I see.
Watson: No, you don't.
Sherlock: No, I don't. Sentiment?
Watson: Yes. Sentiment.

Em The Sign of the Four, uma troca rápida de palavras entre os dois me trouxe esse mesmo aspecto da sua amizade:

We pulled up at the Great Peter Street Post-Office, and Holmes dispatched his wire.
"Whom do you think that is to?" he asked as we resumed our journey.
"I am sure I don't know". (p. 182).

Ao ler esse diálogo, simples, mas que mostra muito da personalidade de Watson, não consegui deixar de visualizar as palavras na expressão de Jeremy  Freeman : )

A série traz em si várias peculiaridades da escrita de Conan Doyle, que, segunda Amanda, não é nada coerente - há furos que Moffat e Gattiss inseriram na sua produção, tornando-a mais interessante e um mistério também a desvendar para os espectadores. Isso somado à intensidade da produção de Sherlock, à qualidade das cenas e, principalmente, à complexidade de seus personagens em destaque - Sherlock, Watson, Lestrade, Mycroft, Irene, Moriarty... -, me levaram finalmente à leitura da obra de Conan Doyle, com seu personagem ilustre.

E não dá para deixar a música de fora. O score de Sherlock traz temas que permanecem conosco por muito tempo depois das imagens e que hoje, para mim, associa-se muito ao personagem e suas aventuras. 

E assim, depois dessa longa introdução, chego ao último livro de agosto e ao primeiro de setembro: A Study in Scarlet (Um Estudo em Vermelho, 1887) e The Sign of The  Four (O Sinal dos Quatro, 1890), assim como dois dos 64 contos separados. Um deles foi A Scandal in Bohemia, adaptado no quarto filme da série e uma das minhas histórias favoritas - nela Sherlock encontra The Woman, Irene Adler. O conto é curto, mas o que ele traz em possibilidades se encontra maravilhosamente figurado no filme. Uma delícia reconstruir Sherlock dessa forma, em palavras e imagens. 

Os demais contos, assim como os dois últimos livros, eu lerei aos poucos. Suspense não é minha viagem favorita, e tenho que intercalá-la com outras histórias, para não perder o encantamento.  Mas estou surpresa por ter demorado tanto a chegar a Conan Doyle, sem num haver percebido como considerava Sherlock tão próximo, sem nem ter motivos para isso. Incrível.

Em setembro, resolvi levar adiante outro projeto também: eu sempre digo que li quase todos os livros de Nora Roberts... dois posts abaixo, escrevi bastante a respeito. No mês passado, consegui um arquivo com todos os livros da autora. Assim, resolvi eliminar o quase, aos poucos, e completar a tarefa de ler tudo que a escritora mais prolífica dos US escreveu... Mas não está fácil, porque, além de serem muiiiiiiiiiiiiitos, alguns são realmente infames. Mas eu vou devagar, como com Sherlock.

Assim, li os dois livros que me levaram à semana NR em julho, mas que não li naquela época: Time Was e Time Change, que, relançados em capa dura sob o título Time Again, se tornaram os primeiros livros de NR a alcançarem o primeiro lugar na lista do New York Times. Time Was é divertido, surpreendentemente bem escrito, com diálogos bons e ágeis. O segundo é uma continuação razoável, mais uma curiosidade a respeito do destino dos personagens. Mas eu os li rápidamente - e feliz. 

O terceiro foi Dance of Dreams, já a continuação de um anterior que ainda não li. Eu amo ballet e de todos os livros e filmes a respeito eu gosto de início, mesmo que eles sejam considerados ruins. Não é o caso desse, embora siga a linha mais fraquinha da escrita para a Sillouette. A história ficou comigo, e eu reli vários trechos após o fim... uma tentativa de fazer permanecer aquilo com que me identifiquei.

O quarto livro de NR no mês, infelizmente, foi bastante ruizinho... as primeiras incursões de Norinha no mundo mágico celta foram bem cafonas, e In Dreams é um dos piores que já li. 

Os filmes andam meio largados aqui no Viagens ultimamente. Trago hoje os que vi em agosto e setembro.

A Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Night Rises. Christopher Nolan, US/UK, 2012) eu assisti sob a sombra extremamente dolorida do ataque em Aurora, Colorado, na estreia do filme lá. Entrei no cinema e, durante os primeiros 40 minutos, não conseguia parar de pensar que uma sala cheia de pessoa, em algum momento, se deparou com o impensável. A minha tristeza era tanta que não sei dizer se a tensão crescente do filme se deveu a ele ou a esse início angustiante. Não posso dizer que gostei deste último Batman, mas o achei extremamente bem feito. A angústia que Batman traz na sua existência e razão de ser está ali, e o filme a construiu muito bem. E, ao fazê-lo, me impossibilita de usar a palavra gostar associado a ele. O que não tira seu mérito, ao contrário, só o aumenta.

Ontem mesmo dizia de filmes que não permitem a associação com o gostar, com o prazer que está implícito quando dizemos que gostamos de algo. Mas são geniais e, sem dúvida, estão entre os filmes para a vida toda. Dogville, A Fita Branca, Violência Gratuita (os dois últimos, sem coincidências, do Heneke), Não Matarás... Não que The Dark Knigh Rises se iguale a eles, que chegam ao âmbito do insuportável de assistir, mas traz consigo essa impossibilidade do prazer que a angústia traz.

A Brave (Valente. Mark Andrews e Brenda Chapman, US, 2012) eu assisti duas vezes, com a pequena. Adoramos o filme, rimos e nos emocionamos demais. Mas o que admirei aqui foi uma princesa da Disney/Pixar que possui uma família com nome e história próprios. Não é órfã, não tem um príncipe e a sua jornada de amadurecimento está ligada não ao amor romântico, mas à mudança do seu vínculo com a mãe - que se chama Elinor, aliás. Tudo bem, a continuação deve trazer Mérida com seu príncipe... e  a história será mais legal justamente por vir com um contexto. 

O simbolismo usado para contar desse crescimento é a mitologia celta, de que gosto muito. A mãe urso é tão forte... eu já a trouxe em conversas com a minha pequena. Muito bom.

360º (US/Austrália/França/Brasil, 2011) está conhecido como "o novo filme de Fernando Meireles" e não tem sido muito elogiado. Meireles tem sido massacrado pela crítica, o que é uma pena. Esse filme especificamente tem problemas, mas não deixa de ser interessante, divertido e até meigo - aaaawn. Seus personagens seguem na contramão do que esperamos dele, e só por isso já gostei. Mas Fernando Meireles é um cineasta admirável, e se dele se espera muito, é pelo tanto que já realizou. Eu, no entanto, prefiro chegar ao cinema sem expectativas, e curtir o filme, como o fiz com 360º, tranquilamente, sem pressão - quem dera fosse sempre assim, rs.

A outra animação do mês também vi duas vezes. ParaNorman (Chris Butler e Sam Fell, US, 2012) é um filme de terror para crianças. Eu adorei! Vi com os meus dois sobrinhos de idades diferentes, com cada um separadamente, e as diferentes reações foram deliciosas de acompanhar. O filme é ácido, inclusive na estética, e Norman é um protagonista muito bacana, que fala bastante de um mal que nos acompanha na escola e na vida: a intolerância com as diferenças, uma das principais forças por trás do Bullying. Este tem sido exposto e discutido com maior seriedade e atenção, thanks a algumas almas corajosas - uma delas é a Tânia, amiga da universidade, que estuda o Byllying com muita lucidez e sensibilidade na sua dissertação e que foi à estreia de ParaNorman comigo e Tiela. 



Um filme muito esperado por mim foi Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter. Timur Bekmanbetov, US, 2012 ). E daí está o que falo das expectativas. A primeira parte dele é tão boa, tão interessante e bem executada... mas a continuidade, com a pressa em passar para o Lincoln presidente é tão superficial que o filme perdeu bastante da sua força para mim. Creio o o livro de Seth Grahame-Smithe, bastante elogiado, consegue fazer dessa história inusitada uma leitura mais interessante que o filme. 

Eu resisti a assistir a Intocáveis (Intouchables. Olivier Nakache e Eric Toledano, França, 2011) o quanto eu pude, mas, ao final, depois da indicação de pessoas em quem confio, rs, cheguei a ele, felizmente. Porque tudo o que ele poderia trazer de cafonice ele compensou ao contrário, ao contar uma história dolorida sem passar a mão na cabeça dos personagens ou trazer um monte de clichês. Ao contrário. Achei uma belezinha, além de me acabar de rir e emocionar. E, mais que tudo, Omar Sy é uma fonte de alegria e espanto constantes, basta olhar esse sorriso do além.

Um dos meus grandes medos com alguns filmes é a cafonice ao tratar de temas delicados, principalmente quando se trata de uma história baseada nos chamados "fatos reais". Quando, na sinopse de Intocáveis, vi paraplégico + assistente negro e pobre + pessoas que transformam sua via pensei logo no apelo emocional como resultado da equação. Mas as ideias iniciais sobre as coisas são somente isso mesmo, um início... que se mostrou diferente do que encontrei no cinema. O que também é sempre uma surpresa boa.

O último filme do mês, antes de uma conjuntivite besta me atacar cruelmente ( : ) foi Tinker Bell: O Segredo das Fadas (Secret of the Wings. Roberts Gannaway e Peggy Holmes, US, 2012) a que assisti basicamente porque a minha florzinha adora. 

Durante o filme, eu lembrei de uma vez em que, numa casa de festas para escolher a decoração do niver da pequena, ouvi a mãe de uma criança reclamar que a estátua da Tinker era muito sensualizada. Bom, nada como uma ideia para se fixar na nossa cabeça: não conseguia pensar em nada mais no filme, ao observar a caracterização da Tinker, das fadas suas amigas e, principalmente, dos "fados", super bombados... Isso diz o quanto eu achei o filme bom, rs.





PS: Ao ver Sherlock, o rosto de Martin Freeman não me era estranho. Bom, eu já sabia que ele será  Bilbo Baggins, em O Hobbit (Peter Jackson, 2012/2013/2014... mais três anos de espera, como foi com LOTR!!!). Neste, aliás, está também Benedct Cumberbach, com sua voz de trovão (impressionante).

Mas o rosto de Freeman era familiar por outra razão... E quando busquei sua página no imdb.com, vi que ele participou de várias produções conhecidas. No entanto, a que havia me dado uma referência forte foi Simplesmente Amor (Love Actualy, 2003), um filme muito querido em que ele faz um personagem que se apaixona de forma bastante inusitada. 

Eu fico feliz de vê-lo se tornar cada vez mais conhecido. E o poster de  O Hobbit está de entusiasmar (mesmo com um toque básico de photoshop...rs).