quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Spin-off: ver em http://pt.wikipedia.org/wiki/Spin-off


   Depois dos filmes, vêm os livros de julho que ainda não apareceram aqui. Eu havia  parado numa grande decepção com uma das séries de Richelle Mead. 

    Assim, continuei o mês com uma outra série que havia pisado um pouco na bola, mas da qual nem ouso desistir: The Mortal Instruments foi concebida por sua autora, Cassandra Clare, inicialmente como uma trilogia, todos já lançados no Brasil: Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas, Cidade de Vidro. Então, num dia não muito feliz para seus leitores, ela resolveu estender a série para seis livros - talvez pela previsão de adaptação da história para o cinema (depois de muita confusão, o cast já está completo). O quarto, super esperado, foi completamente ugh. Uma história tão legal, um final decente, personagens bacanas... e a pessoa resolve por tudo em risco. Resolveu coloca Jace em risco! Pense... Assim, City of Fallen Angels, além da capa pereba, não me convenceu muito sobre a ideia de dar continuidade à trilogia - uma das minhas preferidas até hoje. 

You know men. We have delicate egos.
 I wouldn't describe Jace's ego as delicate.
No, Jace's is sort of the antiaircraft artillery tank of male  egos, ― Simon admitted.(p.  273).

   O Contrário aconteceu, neste ano, com a série spin-off da mesma autora, Infernal Devices. O primeiro livro, Clockwork Angel, foi muti bom, mas o segundo, de 2012, foi excelente e superou todas as minhas expectativas. Conseguiu elevar a série, para mim, a um outro patamar, e mal posso esperar pela sua conclusão (se é que existe such a thing). A partir dela, cheguei ao quinto capítulo de Mortal instruments meio descrente do que iria encontrar. 



    ― Simon?

    ― Yeah?

    ― Can you tell me a story?

    He blinked.

    ― What kind of story?
    ― Something where the good guys win and the bad guys lose. And stay dead.
    ― So, like a fairy tale? ― he said. He racked his brain. He knew only the Disney versions of fairy tales, and the first image that came to mind was Ariel in her seashell bra. He had a crush on her when he was eight. Not that this seemed like the time to mention it.
― No. ― The word was an exhaled breath. ― We study fairy tales in school. A lot of that magic is real but, anyway. No, I want something I haven't heard yet.
― Okay. I've got a good one. ― Simon stroked Isabelle„s hair, feeling her lashes flutter against his neck as she closed her eyes. ― A long time ago, in a galaxy far, far away… (Pp. 88/89).

   ― Oh, please, ― said Simon. ― All I did was tell you the entire plot of Star Wars. 
― I don't think I remember that, ― said Isabelle, taking a cookie from the plate on the table.
― Oh, yeah? Who was Luke Skywalker's best childhood friend? 
― Biggs Darklighter, ― Isabelle said immediately, and then hit the table with the flat of her hand. ― That is so cheating! Still, ― she grinned at him around her cookie.
― Ah, ― said Magnus. ― Nerd love. It is a beautiful thing, while also being an object of mockery and hilarity for those of us who are more sophisticated. (P. 116). 

   Bom, excelente não é, mas City of Lost Souls deixou o ugh do livro anterior de lado e voltou a, pelo menos, fazer algum sentido para mim - mesmo que por meio de uma apelação, eu acho. Esse livro é mais romântico que os demais, fugindo um pouco da linha que Clare seguia nos três primeiros livros. Não gostei muito, mas não foi nada que comprometesse, porque a questão central é muito legal e consegue preencher um gap que havia ficado - mesmo que, como disse acima, envolva uma certa forçação de barra. Agora vamos para o sexto livro com mais entusiasmo... que medo.

There is a crack in everything
That‟s how the light gets in.
Leonard Cohen (p. 121).

Capas com rostos... ugh.
  Para  Richelle Mead eu retornei com o segundo livro de uma série spin-off de Vampire Academy, Bloodlines. Viram que spin-off já apareceu aqui duas vezes hoje. É assim na TV, nos livros... Joey foi um spin-off de Friends; Frasier, de Cheers... e assim vai. Quando dá certo, é uma alegria ter um mundo de que gostamos e em que vivemos de volta. Mas quando dá errado, jaisus... 
 Bloodlines, por enquanto, tem sido bacana. Está nos livros iniciais - eu li o segundo, Golden Lily -, o que, na linguagem de Mead, significa histórias não muito fortes ainda. O heartbreak deve vir agora no terceiro ou quarto livros, depende de quantos volumes será a série. Parece calculista? Bom, é a observação do que aconteceu até agora. Quem sabe ela consegue surpreender (sério, estou com os dedos cruzados).

  Os protagonistas são dois personagens legais, secundários em Vampire Academy: Adrian e Sydney. Eles são bocudos, divertidos e bastante problemáticos, o que dá um enredo bom. Além da oportunidade de espiar Dimitri e o que ele anda fazendo por ai : ) 
Há um link no imdb.com sobre a adaptação para o cinema, mas ele está sem atualizações já há algum tempo.

 O terceiro livro, que encerra este post - os demais do mês de julho terão um capítulo separado para eles - foi o mais incrível de todo o ano. De verdade. Um presente especial de um amigo que, sem saber, salvou o terceiro capítulo da minha tese. De verdade. 
   Não haveria, a princípio, como falar do que Hope: A Tragedy, de Shalom Auslander (pense se o nome do autor já não é bizarro), tem de especial sem contar a surpresa que surge logo nas primeiras páginas - eu a desconhecia e tive um treco quando li. Por isso resolvi não trazê-la aqui. Se alguém quiser muito saber, me pergunta - para alguns amigos eu já contei, não resisti, rs. Mas tentarei não dar muita bandeira aqui. 

    I have been the blessed beneficiary of sixty years of humanity’s guilt and remorse, Mr. Kugel. (...) These are true details, I assure you, but I know to emphasize them; I’m not a fool;  I know of guilt myself.    My sister died beside me. My Mother died, my friends. I survived. That’s not easy either. Perhaps it’s true that I’m seeking to have it both ways; (...) but I use the Holocaust to subsist, to get what I need: shelter, food, a place to work. P. 244.

    Kugel, americano judeu, muda-se para o campo com a esposa, o filho e a mãe. Encrencado para pagar as prestações da casa nova, a sua vida não anda muito tranquila. A esposa cobra a presença da sogra, que, por sua vez, inferniza a vida do inquilino pagante. O filho é uma alegria, depois de sobreviver a uma doença grave. A casa deveria ser uma mudança de ares na vida do casal.
A figura, Shalom Auslander
     Mas o negócio é que a casa fede. E muito. E ao procurar a origem do mal cheiro, ele se depara com alguns anos de história que não querem largar do seu pé. 

     A herança do holocausto e como ela pode prejudicar e amarrar as novas gerações de judeus, que ficam eternamente conectados a algo que se permite transcender - afinal, esquecer seria desonrar as vítimas e o peso do acontecimento, certo? - é colocada por Auslander com um humor  genial - que, eu acho, advém do cansaço de carregar algo com que não se identifica mais. Não digo que não se deva olhar para o que aconteceu... mas é olhar, de fato, e não carregar uma história que pode, assim, ser um peso morto e fétido por gerações e gerações. A mãe de Kugel é uma figura que traz esse peso irracional: 
    It’s all disappearing, Mother sobbed.

   Lucky you, Kugel thought. He could go for some of that forgetting stuff about now. Forget her, forget Father, forget it all, just for a day, a weekend. Heaven is a place with no memory, no history, no past; sure, some warm memories would be sacrificed along with the bad, but all in all, an improvement. A step in the right directionlessness. (p. 195).

   Eu me agarrei ao livro e não consegui largá-lo ainda, mesmo depois de terminado. O que ele me trouxe continua, ressurge no pensamento diante de várias situações diferentes. Lembra como nos há amarras que não queremos, mas que permanecem. Lembra também como nos livrarmos delas nem sempre é tão simples. Mas a ficção, para variar, coloca a questão de frente, e com um autor como o Auslander, não nos deixa virar as costas para ela. E algumas vezes ele o faz de forma assustadora:

  He refused to respond to her, 
to encourage her.
Six million he kills, thought Kugel,
and this one gets away.
I shouldn't hve thought that, he thought.
At least I didn't say it.
But you thought it.
That's not as bad.
It's bad enough.

(p. 111).




                                                                   

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Os filmes de junho, julho e agosto... atraso pouco é bobagem.


Desde junho não atualizo os filmes que vi no cinema. Tenho percebido que, quando ocorre um atraso assim, algo de que esperava gostar muito acabou por me decepcionar. Foi assim com o último Harry Potter... Olhando agora o ponto em que parei, percebo que a última incursão de Johnny Depp e Tim Burton no cinema me afastaram do Viagens um tempo.

Dark Shadows (Sombras da Noite. Tim Burton, UK, 2012), adaptação da série de TV dos anos 60, tinha tudo, tudo, mas tudo mesmo para ser incrível. Johnny Depp como o super anacrônico vampiro, Eva Green como a bruxa apaixonada, Michelle Pfeifer como a chefe de família, Chloë Moretz, uma das atrizes juvenis mais talentosas hoje, como a adolescente rebelde... tudo isso com Tim Burton na direção? Garantia total... ou pelo menos eu esperava.

O início do filme é divertidíssimo, coerente, tudo o que o filme poderia ser. Mas, do primeiro terço em diante, a história degringola e perde totalmente a razão de ser para mim, tornando-se sem ritmo e, horrores dos horrores, totalmente desinteressante. Um desperdício dessa natureza não podia ter me afetado pouco, e o atraso de quase dois meses mostra isso. 

Madagascar 3: Os Procurados (Madagascar 3: Europe's Most Wanted) também não me entusiasmou muito - vai ver que em junho eu andasse com o pé atrás no cinema, rs. É divertido, mas não genial como os anteriores. A Música do circo do cantada pelo Marty (Afro circo, afro circo, de bolinha, de bolinha, de bolina, Aaaaaaaaafro!) foi o que permaneceu comigo, e posso dizer que por isso só o filme valeu.

O último filme do mês de junho foi uma viagem doce. Salmon Fishing in the Yemen (Amor Impossível. Lasse Hallström, Uk, 2011) me chamou a atenção sobretudo por trazer Ewan McGregor, um ator de que gosto muito e que some com bastante frequência. Eu o havia visto mais recentemente em Perfect Sense, um dos filmes que mais me abalaram este ano, e segui ao cinema sem esperar muito. 

Hallström já foi um dos meus diretores favoritos com Minha Vida de Cachorro (Mitt Liv Som Hund. Suécia, 1985), um filme doce e genial que eu amava aos 16 anos.Acompanhei Hallström por algum tempo e, apesar de achar que ele continua um bom diretor, seus filmes foram se diluindo na grandiosidade do que eu sentia com seu filme de 85. Amor Impossível não é diferente; podia ser mais... no entanto, mesmo assim, eu o assisti todo o tempo com um sorriso no rosto - exceto quando me irritava com o peso desnecessário da personagem de Kristin Scott Thomas, que, ao surgir para implementar uma tensão e comédia no filme, conseguiu, ao contrário, mesmo que por poucos momentos, tirar o sorriso do meu rosto e a leveza do meu coração. 

Julho começou com outra continuação esperada: Era do Gelo 4 (Ice Age: Continental Drift), que não perde o impulso dos anteriores e diverte e emociona ainda. A avó de Sid e um pouco da sua história trazem força a um personagem figuraça, mas que se torna cada vez mais querido. Ri demais, emocionei muito e espero pelo quinto, rs. 

Lembrei agora de outro motivo de atraso no post. Dark Shadows foi uma decepção... mas não muito se comparado ao que aconteceu comigo ao assistir a Para Roma com Amor (To Rome With Love. Woody Allen, US/Itália/Espanha), o mais novo passeio turístico de Woody Allen. Até aqui, tudo estava correndo bem. Match Point (UK, 2005) foi interessante; Vicky Cristina Barcelona (Espanha, 2008) além de genial  e intenso, uniu Penelope Cruz e Javier Bardem; Midnight in Paris (França, 2011), apesar de muitos problemas com certas caricaturas, é uma delícia e contou, para mim, muito do que Paris representa para o imaginário das pessoas. Nesse ínterim, veio Tudo Pode dar Certo (2009), um dos seus filmes de que mais gostei recentemente - os personagens são geniais, a história é muito bem construída e eu ria tanto que tive de morder o casaco para não ser expulsa do cinema. Aí, depois de tudo isso, entro em Roma e, apesar de rir do que considero esquetes, saí do filme numa grande decepção e com a sensação de que ou Woody Allen está envelhecendo além da conta ou ele está se tornando, que os deuses do Olimpo o impeçam, preguiçoso.

Depois do fiasco, a que assisti duas vezes, retornei a um filme a que havia assistido em casa, mas queria muito ver no cinema: Apenas uma Noite (Last Night. Massy Tadjedin, UU/França, 2010) demorou a chegar aqui, e por isso eu o alcancei na TV antes, mas é um filme de cinema. Sua delicadeza e intensidade, construídas em um roteiro honesto, atuações na medida e uma trilha linda, merecem o escuro e a imersão do cinema. Ele me tocou tanto, me trouxe tanto e continua comigo em toda conversa que tenho tido sobre relacionamentos. Um amor instantâneo com o filme dessa diretora iraniana, que quero conhecer melhor.

O último filme de julho foi o super esperado O Espetacular Homem Aranha (The Amazing Spider Man. Marc Webb, US, 2012). Quando houve notícias do filme, eu, como muita, mas muita gente, me perguntei qual seria a necessidade de refilmar um personagem que já havia sido bem adaptado para o cinema. Bom, eu devia ter lembrado de Batman e desconfiado de que coisas novas e muito, muito boas podem surgir do que já conhecemos. Adorei o novo Homem Aranha, como ele foi personificado de forma mais bizarra por Andrew Garfield e as cenas que me chamaram a atenção, em vez de desqualificarem as adaptações anteriores, conseguiram dar a elas novo e mais forte sentido. Make sense???

Agosto começou justamente com ele, citado acima:  The Dark Night Rises (Batman: O Cavalheiro das Trevas Ressurge. Christopher Nolan, US, 2012). O que mais tenho ouvido nas conversas sobre ele é como não consegue superar o filme de 2008, com Heath Ledger como o Coringa. Bom, eu não esperava superação... na verdade, tinha pouquíssimas expectativas, mesmo - e talvez por isso - com toda a festa em torno da produção. Mas o filme me surpreendeu com um ritmo tenso, que vai num crescendo até chegar a um final que nos faz querer saltar da cadeira e vestir a capa do morcego nós mesmos... pense.

O começo do filme foi de tristeza para mim. O atentado em Aurora, na pré-estreia do filme nos Estados Unidos, não saía da minha cabeça e do coração. Nos primeiros 40 minutos de projeção, ficava todo o tempo a imaginar em que momento um psicopata sem amor pela vida teria entrado num cinema lotado e atirado para todos os cantos, matando e ferindo várias pessoas, além de armar sua casa com bombas. Cheguei a pensar que não conseguiria assistir ao filme e acho realmente que o teria visto diferentemente. Sobretudo pela tensão extrema que ele constrói e que não consegue, em nenhum momento, acalmar o coração. Mas assim é a história do Cavalheiro das Trevas, e a isso o filme é bastante fiel.

Como tenho escrito aqui, a ficção me ajuda imensamente a me posicionar nesse mundo e tentar compreendê-lo, justamente ele que se torna cada vez menos incompreensível. Quando do atentado em Aurora, eu só pensava em Precisamos Falar sobre Kevin, livro de Lyonel Shriver de que já falei aqui no Viagens. O livro não traz explicações, como eu acho que não conseguimos dar diante de um absurdo tão gigante... mas situa o imenso vazio que a vida pode representar. Eu sempre o recomendo, apesar de geralmente as pessoas me dizerem que ele é muito pesado. Wells, mais pesado do que vimos nos jornais? Impossível.

E este post atrasado e apressado nos comentários se encerra com o filme que vi no último fim de semana. Mês de férias, várias estreias esperadas. Valente (Brave. Mark Andrews, Brenda Chapman. US, 2012) eu esperei bastante, e ele conseguiu me surpreender. Uma história em torno de personagem feminina que não gira me torno do amor romântico, mas, sim, de outro argumento essencial: o relacionamento mãe e filha e o crescimento para a vida adulta, com o direito pelas próprias escolhas. A mudança do foco da história aparece também na passagem para outros cenários, como a Escócia da época dos clãs. 



PS: No computer, um surto tomou conta de mim. Eu sempre penso que meus preconceitos conseguem se diluir no quanto gosto de coisas tão diferentes e nem sempre "adequadas" em idade e localização. O racional vai contra o que sinto, mas sempre encontro algo que reforça a minha identificação com histórias e produções dirigidas e diferentes públicos e idades. Eu gosto disso... me faz sentir que consigo me movimentar em diferentes espaços.  Mas sempre fico receosa por achar que, dessa vez, acabei por ir longe demais, rs. 

Em menos de 7 dias, divididos em julho e agosto, eu vi as duas temporadas de uma série australiana direcionada a crianças e adolescentes: Dance Academy, produção de 2010, tem o formato de muitas séries que vemos (minha sobrinha vê, rs) no Boomerangue, Nickelodeon, Disney. Com episódios diários, elas são apresentadas inéditas por algumas semanas, para depois serem repetidas incansavelmente até a próxima temporada. 

I'm in love with Dance Academy. Adoro dança, e a série tem muita - com alguma ênfase para, além do clássico, claro, o hip hop, como, creio, uma forma de ter maior alcance. Os personagens, além de fofos, fogem bastante do layout norte-americano a que os acostumamos. A protagonista é confusa e doce, pagadora de mico universal, mas não segura o seriado sozinho - todos eles são muito bons e nada unilaterais. Kat e Sammy são muito bons. Mas todos eles s]ao fortes, crescem e nos conquistam. Fazem com que nos importemos com o que vai acontecer - o que, para Neil Gaiman, é fator essencial a uma história. E aí qual vai nos fazer importar é sempre uma surpresa, pelo menos para mim, rs. O seriado é bem escrito, montado e coreografado.  Eu fiz uma imersão nas duas primeiras temporadas, que, além de me divertir e emocionar, me ajudaram a tomar determinadas decisões. Estou esperando agora pela terceira parte.

Assisti a toda a série pelo youtube. Se interessar, segue o link para a primeira parte do episódio de estreia.  Na segunda temporada, já encontramos episódios legendados em espanhol, o que ajuda no entendimento do inglês australiano. Big smile : )