sexta-feira, 25 de novembro de 2011

What's a Wedding Without some Family Drama???



Ou, para ser fiel ao sotaque, drwaaaaaaaama???

Hoje, sexta-feira 25.11.2011, faz uma semana que o quarto e penúltimo filme da Saga Crepúsculo estreou mundialmente.





No dia da estreia, 18.11, às 14h30, eu já havia assistido ao filme três vezes... não por minha opção, mas também, sem  dúvida, não contra a minha vontade...rs. Afinal, desde a estreia do primeiro filme, Twilight, em 2008, tem sido uma prática quase rotineira ir ao cinema para encontrar Bella e Edward (and, yeah, yeah, Jacob) nas salas de projeção, mesmo que as adaptações não consigam chegar aos pés da emoção que os livros me trouxeram.

Breaking Dawn Part 1 (Amanhecer. Bill Condon, US, 2011) eu vi, pela primeira vez, na pré-estreia, na sessão de 00h00 no Cinemark. Essa é outra tradição: desde o primeiro filme, chego ao Cinemark para a pré-estreia. Com quem eu vou é também um reflexo de como a saga foi se tornando mais conhecida a partir do lançamento do primeiro filme: Em 2008, para Twilight (Crepúsculo.Catherine Hardwike, US, 2008), eu fui alone in space, sentando na primeira fileira entre pessoas histéricas que gritaram todo o filme. Hohoho, como diz minha sis, me senti em casa. Foi uma experiência tão bacana, que, no ano seguinte, para New Moon (Lua Nova. Chris Weitz, US, 2009) eu já comprei o ingresso com mais antecedência e para duas pessoas!!! Que ousadia... Novamente, agora na companhia divertida da Paty, muitos gritos e diversão. O segundo filme estava um pouco melhor produzido, mas ainda muito aquém dos livros. Em 2010, para Edipse (David Slade, US, 2010), já comprei dez ingressos, rs. Foi uma galera enorme, dividida entre os assentos disponíveis. Muita pipoca e gritos para compensar  aquele que, para mim, foi a pior adaptação da saga até agora - decepção eterna com o diretor de 30 Dias de Noite!

Em outubro de 2011, comprei 8 ingressos para Breaking Dawn Part 1, dessa vez numa sala especial, com lugares marcados. Hummmm, a coisa está melhorando. Amigos que se mudaram, outros viajando, o número de ingressos diminuiu, mas passou para nove na última hora. 

Eu acabei sentada longe da galera, na primeira fileira, diante de uma tela gigante. E a diferença, dessa vez, não foi só essa.



Como não poderia deixar de ser, cenas toscas ainda estão ali. A conversa mental dos lobos em voz robótica é uma das cenas mais constrangedoras que já vi. A coluna da Bella se acertando parece um boob job automático. Bom, essas foram as piores, e nem foram tantas assim : ). Bom, pelo menos o Brasil apareceu em cenas mais verossímeis - linda a imagem do Cristo com  uma trilha de fundo bonita -, com uma Lapa fervendo e o português de Robert Pattinson menos sofrível que o "vou sentirr saudadchiiiiiiiii de voucê" de Javier Bardem em Comer, Rezar, Amar.


Outra diferença: os gritos diminuíram... daí já pude perceber como o filme estava prendendo atenção, porque dele não dava para se desviar muito. Não vinha a vontade de gritar, só de ficar ali, seguindo com a trama. Esse foi um up considerável, rs.  



Chamou-me a atenção, no entanto, também diferentemente dos outros filmes, a quantidade de cenas boas. Afinal, neste capítulo da história, muitas coisas importantes acontecem, e eu estava realmente com medo. Mas uma produção mais cuidada, uma direção de atores que se faz presente, os personagens mais soltos e complexos me deixaram surpresa. Porque, no que se referre às adaptações da saga, eu aprendi realmente a esperar o pior. Outro recurso de que gostei e é coerente foi o destaque ao ponto de vista de Bella, que narra os livros em primeira pessoa, em várias cenas. A primeira pessoa da narradora havia se perdido nos segundo e terceiro filmes.



Amanhecer consegue ser fofo, ainda que com algumas cenas realmente assustadoras e fortes. Assim é a saga. A emoção e a intensidade da história de Bella e Edward (or The Hair, como diria Jessica...) não foi ignorada em nome de um roteiro insípido e bobo que pretenderia ressaltar a ação... sei. O amor dos dois fica palpável, forte, impossível, como é nos livros. O que, nas telas, não convenceria como na escrita, Bill Condon amenizou e deu humor, como na cena do desfile de lingerie. O título deste post é uma dessas tentativas, e a frase de que mais gosto no filme... No comecinho ainda, foi a partir dela que percebi que poderia estar vendo uma adaptação diferente das outras.



Não, minto. A minha percepção veio numa cena em que Alice, segurando os sapatos de Bella e o que eles significam para a história, pára e, no seu olhar, podemos ver toda a torcida, a felicidade, a satisfação por um desfecho feliz. Que não seria assim ela ainda não sabia, rs. Mas, enfim, durante todo o filme há momentos em que os personagens param e respiram, lembram e nos fazem lembrar. Contam das suas emoções em olhares que fazem sentido, e não em uma trama asséptica que nem de longe de aproxima da intensidade que me prendeu nos livros. 


Um recurso que ajudou muito nessa ligação foi que o quarto filme remete muito ao primeiro. Este, apesar de uma produção pobre, uma maquiagem infame, cenas tosquíssimas,  ainda é a referência da adaptação da saga no cinema. Lua Nova e Eclipse, ao tentarem se afastar de tudo que o filme tinha de infame, se esqueceram de manter o que ele tinha de bom. E havia algo? Sim, havia. Tanto que, presente em uma produção e direção melhores, esse bom me emocionou em Breaking Dawn Part 1.



A volta de Carter Burwell na composição da trilha original é um desses trunfos. Seu score não chega aos pés do que compôs para Twilight, mas o retorno de Bella's Lullaby traz uma emoção forte a algumas cenas, principalmente a final. Flightless Bird, American Mouth ( Iron & Wine), reaparece num momento super oportuno, conferindo sentidos intensos e reminiscências ao um momento importante. As imagens da busca na internet que Edward faz remete àquela feita por Bella no primeiro filme, quando tenta entender quem era aquela criatura por que se apaixonava. A casa dos Cullen retorna à do primeiro filme... Típico, não é? O fim remete ao início... e se torna irresistível assim.



A trilha sonora de um filme sempre foi fundamental para mim. As minhas maiores referências musicais hoje vêem do cinema. Ao ouvir uma música, ela me leva à vivência do filme. Algumas são muito fortes e me surpreendem em momentos inesperados. Mas o que as marca para mim é a sua permanência... e como constroem as imagens de uma narrativa juntamento com as imagens projetadas na tela. 

Nesta semana, várias músicas de Breaking Dawn ficaram comigo, e aí soube como o filme havia realmente me tocado. Porque elas permaneceram, houve emoção. A narrativa chegou ao meu coração, ao meu imaginário, ao sonho e não apenas ao racional. Bem precioso esse alcance. 

But... e sempre há um but, essa foi a trilha mais fraca dos quatro filmes. Muito pop, menos indie como as outras, mais dispensável. A ausência de MUSE foi heresia total... Mas o que foi bom, e em cenas fundamentais, valeu a pena. 

Cold (Aqualung and Lucy Schawrtz) tem estado muito comigo. Presente em um dos momentos mais fortes do filme, e de que mais gostei, conferiu força às cenas. Eu tento comentar o filme sem spoilers, mas a complexidade que a relação de Bella e seu vampire atinge aqui é o que dá força à história dos dois.


As músicas melancólicas me pegam pelo pé... adoro. Já me disseram que é por serem mais melódicas... pode ser. Mas as músicas melancólicas em filmes me agarram fortemente, e narravam a história para mim, suas emoções, mais que as imagens. Nesta trilha, além de Cold, Requiem on Water (Imperial Mammot) me comoveu também - outra cena querida e intensa...




From Now On (The Features) tornou a lua de mel engraçada, divertida e ágil. Uma música mais alegre que me acompanha quando lembro do filme. Ela dá som às partidas de xadrez, com peças vermelhas e brancas, como na capa do livro (e como a maçã que Edward oferece a Bella no primeiro livro... viu?, outra referência ao filme de Hardwicke).




Mas, num filme, há, para mim, aquela música que continua a me trazer a histórias e seus sentidos, sentimentos, emoções e reminiscências sempre que as ouço. Algumas trilhas, como a de Amélie Poulain, são compostas por notas recorrentes que criam uma identidade com a narrativa. Em Breaking Dawn, a melodia que cria essa identidade é A Thousand Years (Christina Perri), o tema oficial do filme. Assim, ela aparece em dois momentos importantíssimos da trama e ao final, nos créditos. Separada do filme, eu a acharia boba e esquecível. Presente nas maiores conquistas de B&E, eu me apaixonei por ela intensamente. Quando a ouço, tudo que a história representa para mim volta em imagens e sons.




O tema de um filme traz, em melodia, muito do que é a história. Na Saga Crepúsculo, os temas principais foram muito felizes, mesmo que não fossem as músicas mais legais da trilha, a meu ver (mas quase eram..rs). Voltando aos outros filmes da saga, e já pedindo desculpas pelo post imenso, trago os outros temas.


Para Twilight, Haley Williams, do Paramore, entrou em contato com a produção e pediu para fazer o single do filme, já que gostava tanto dos livros. Ao final do primeiro filme, eu não a conhecia, mas acompanhei Decode durante os créditos finais, achando divertido as meninas que pulavam pela escada ao som da música. Marcela se refere a ela como "a mulher que grita" e hoje é uma fan de Paramore. O clip é legal também, como são todos esses dos temas princpais: Uma história engraçada minha com a música, na minha tabaquice de sempre, é que quando ouvia a letra: what kind of men that you are? If you are a man at all... eu pensava, wow, não precisa pegar pesado... mas aí entendi o contexto. Vampiro não é homem, ser humano...right? rs.




Foi de gritar quando soube que a minha banda amada super querida, Death Cab for Cutie ia ser a responsável pelo single em Lua Nova - que, aliás, traz uma das melhores trilhas, a meu ver. Uma trilha vergonhosamente - sem exageros, rs - subutilizada no filme. Um exemplo é Satelite Heart (Anya Marina - o link aqui é para o vídeo no Youtube), uma música fofa, que toca no rádio do truck de Bella por segundos... Não disse? Vergonhoso. Algumas foram bem colocadas, como Hearing Damage (Radiohead  - ahhhhhhhhhhhhhhhhhh) e   Meet me on the Equinox, do DCFC, eu adoro:




Em Eclipse, nova mancada, apesar da trilha ser boa também. Neutron Star Collision, do MUSE (super ahhhhhhhhhhhhhh) é linda, forte, o clip é bonito que só... mas ela toca por segundos na festa de formatura, em vez de fechar o filme em grande estilo (pelo menos isso ia ser legal numa produção fria e sem ritmo). 





Para quem não sabe, Stephenie Meyer, autora da saga, agradece efusivamente ao MUSE pela inspiração na escrita do filme. Segundo ela ( e eu também, rs), há cenas, falas, emoções e tramas que saíram de músicas da banda. Quando eu li seus agradecimentos - que ficaram mais intensos a cada livro -, uma música me veio à cabeça imediatamente: Time is Running Out, que tem uma de suas frases - (Bella) you will be the death of me - no livro. Essa impressão se confirmou quando a autora divulgou um set list pessoal para a escrita dos livros. 


Uma exigência de Meyer foi que, nas trilhas, houvesse sempre uma música do MUSE. Na parte 1 de Amanhecer não há nenhuma... espero que a parte 2 não desaponte, rs.


Essa referência à música, tão presente nos livros, se manteve nos filmes até esta última parte. Bill Condon ressaltou mais o score de Burwell do que as músicas da trilha... damm it, com uma equipe grande e uma produção já não tão amadora, não dava para prestar atenção aos dois?


Parece que não. Quando se fala em adaptação dos livros de Meyer, parece que algo sempre tem de faltar... precisa sempre de uma ausência para deixar a experiência incompleta, em fatores que poderiam ter maior atenção. Eu li, em muitos comentários no IMDB, que o filme estava muito dramático, com uma trilha cheia de drama... bom, para mim esse foi um ponto positivo, condizente com os livros e com a história de Bella e Edward.


Este post ficou imenso... e falta muita coisa - aconteceu uma edição básica aqui, rs. E eu falei tanto sobre a saga que até cansa (aos outros, porque eu não cansei ainda). Amélie já declarou que queria ser um cordeiro estúpido em um conto sobre os vampiros em Os Degraus de Amélie. Eu já escrevi minha indignação com Melissa Rosenberg, a roteirista de todos os filmes da Saga (e de Dexter, for God's sake! Como uma pessoa pode ser tão boa e tão ruim???) no IMDB, no único comentário que escrevei no site. Há também um artigo sobre os fenômenos culturais a partir de Twilight, escrito com Lauríssima querida, minha companhia na sessão de hoje, a sexta até agora... mas o link para ele somente sob encomenda, rs.




Enfim, a saga apareceu para mim em um momento em que eu precisava de emoção, intensidade e esperança. A inadequação de Bella, a reflexão sobre o que é o ser humano, a luta por sermos o que queremos ser, e não o que estamos condenados a nos tornar me conquistaram e me levaram aos livros por várias vezes. A fantasia nos filmes não foi um elemento que me tirou do mundo, mas me colocou dele em outras perspectivas. Ajudou-me a entender minha própria inadequação em um momento delicado. E me trouxe uma emoção forte e intensa, que se refletiu no meu cotidiano. 


Assim, chego aos filmes também... mais tranquila neste último capítulo, mais cuidadoso, divertido, intenso... embora ainda a anos luz do livro em que se baseou.









PS: Para os pouquíssimos leitores de Twilight que ainda não viram, no site oficial de Stephenie Meyer há o trecho de um quinto livro, que foi arquivado quando um rascunho vazou na internet. Midnight Sun é Twilight sob o ponto de vista de Edward. 





segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Leaving the door Unlocked


Eu fico muito impressionada quando encontro um livro, um filme, uma música que trazem para mim se não um senso de realidade (o que é isso, afinal?), mas uma sensação de vivacidade que aproxima do que vejo, leio, ouço.

Alguns cineastas conseguem se colocar muito próximos de mim, mesmo que a trama seja claramente fictícia. Se seria possível um futuro em que clones são criados para doarem órgãos, sendo tratados como coisas, ou se uma fazenda rabiscada no chão denuncia a dramatização da trama (se quiserem saber a que filmes me refiro, basta acessar o link de cada um... embora, no primeiro, a minha afirmativa seja um grande spoiler...), não importa: a vivência denunciada em tela aproxima-se de mim e da minha visão de mundo. Da minha relação com ele.




EmWe Need to Talk About Kevin (já editado em português com o nome Precisamos Falar Sobre Kevin), cheguei à conclusão de que o cuidado e a falta de preguiça colaboram muito para essa proximidade. E cuidado e ausência de preguiça é o que Lionel Shriver tem de sobra. Eu já a havia admirado em The Post-Birthday Word (comentado aqui no Viagens) e esperava muito de Kevin.
A introdução ao livro já nos conta um pouco a respeito:
“Every now and again, one of those books come along that makes the hair on the back of your neck stand on end when you read it. A novel that’s bigger than the story contained within its pages, bigger than the context within which it is published, not limited by or to the fashions of the day. We need to talk about Kevin is one of those books.” (introdução)

Não me decepcionei. E a admiração aumentou muito.

Shriver, no epílogo ao seu livro, explica o que a move a escrever. São suas estas palavras:

“I can roughly divide my novels into two stacks. They either address what I want, or what I fear. Perhaps to my spiritual detriment, the latter pile is the taller, and from my crowd of phobias – of failure, other people – one hose head and shoulders above the rest above three years ago. I was petrified to have children.” (p. 471).

Como dizer que algo é fictício se o que o move são sentimentos tão vivos e intensos como o medo e o desejo? 

A honestidade de Shriver tanto ao comentar seus livros como ao escrevê-los é o que, para mim, os torna tão palpáveis. A decisão de ter filhos também sempre me foi petrificante. Tenho um amor muito especial pelas crianças que me rodeiam, que fazem, felizmente, parte da minha vida. Mas nunca me convenci a ser mãe. O tamanho e peso da maternidade me soam insustentáveis. E isso ocorre não pelo medo da responsabilidade... mas pelo pavor da perda. Pela incerteza de ser capaz de tornar compreensível um mundo que se torna cada vez mais sem sentido. A minha admiração por quem assume a maternidade com o coração aberto, a responsabilidade assumida, o amor intenso numa tarefa que me parece de fato impossível é igualmente grande.

Idealizar a maternidade é too easy. Lidar com a culpa por não corresponder a esse ideal, assumido e difundido socialmente, tem sido uma das perversidades que mais me chama a atenção. Diante do cansaço, do sono, do medo, do desejo de se superar, muitas mães se martirizam, sem reconhecerem o quanto dão o melhor de si com o que têm disponível.

O reverso da medalha também se apresenta. A idealização da maternidade intoxica lares que se apoiam nela como uma muleta para não reconhecerem as dificuldades de cada pessoa na família. 

Vejam que disse pessoa, e não membro. A institucionalização do ser humano é uma complicação, a meu ver. Mulheres, homens, crianças, idosos... Mães, pais, filhos, avós... Tudo se mistura no ideal de família feliz e unida que não convence nem numa propaganda de margarina. E aí, criança vira aquele ser que não é gente... e muita confusão vem daí. Uma das falas do livro, citadas adiante, diz exatamente disso.

Assim como sustenta que ter filhos é como deixar a porta destrancada...

O olhar atencioso e honesto se perde nas armadilhas da idealização. No uso de uma muleta perversa que, em vez de nos aproximar da felicidade, nos distancia de nós mesmos. Um trabalho diário e cuidadoso é uma forma de evitar essas armadilhas.

Eva Katchadourian é uma mulher que olha com atenção seu filho. Sua aversão à maternidade depõe contra ela aos olhos do marido, que prefere idealizar o primogênito a reconhecer que problemas doloridos e complicados habitam sua enorme casa num subúrbio de Nova York.

Quando, quase aos 16 anos, Kevin, numa ação claramente planejada por anos, mata nove pessoas na sua escola, a pergunta dos que o rodeiam, da sociedade e, sim, de Lionel Shriver é: na luta entre nurture and nature, entre educação e natureza própria, como se explicaria a premeditação e frieza de um adolescente ao cometer um homicídio em massa? Ele já nasceu totalmente evil ou sua frieza vem da distância e negligência dos pais - mais especificamente, claro, da mãe?

Essa é a pergunta que Eva, a mãe de Kevin, se faz durante todo o livro, em cartas que escreve ao marido. Nelas, explicita seus medos, suas dificuldades, desconfianças. Desvela, também, a extrema frustração que é se opor aos ideais de um pai que, ao considerar necessário defender incondicionalmente o filho de uma mãe reticente, esquece de olhá-lo de verdade. 

Cada página é apresentada em sentenças fortes e elaboradas. A forma de escrever de Lionel Shriver reflete, a meu ver, o comprometimento que tem com a sua visão de mundo. Seus livros não são fáceis de engatar... nas duas vivências que tive com ela, só consegui agarrar o livro realmente depois das primeiras 200 páginas. O modo como ela constrói o contexto em que coloca seus personagens é também admirável. Os dois livros eu comecei e parei... para, então, continuá-los num frenesi de espanto e admiração. 

O tema é difícil? Sim. Mas ele está aí, nas brechas da idealização, nas fendas de uma vida idealizada que não se sustenta. Racha, quebra, despenca... e não é de surpreender que seja assim. 

Por fim, sem dar uma solução ao problema ou uma resposta fácil, Shriver me levou a uma constatação: uma existência sem identificações, afinidades, é uma existência sem sentido. A falta de sentido leva a procurá-lo de formas cada vez mais extremas e desafiadoras do status quo. Leva, também, aquele que se acha lost in space a culpar alguém pela ausência. 
E a culpa, geralmente, recai na mãe.
Vale lembrar que o livro foi adaptado para o cinema, em filme do mesmo nome... Vi trechos que me arrepiaram. Parece que a intensidade da história não se perdeu. Ufa.

Trago algumas palavras de Shriver, que não apresentam spoillers ou comprometem a leitura do livro:

 “By the time I gave birth to Kevin at thirty-seven, I had begun to anguish over whether, by not simply accepting this defect, I had amplified an incidental, perhaps merely chemical deficiency into a flaw of Shakespearean proportions.” (Eva, p. 31).

“But in the same vein, when a car nearly sideswipes me in a crosswalk, I’ve noticed that the diver is frequently furious – shouting, gesticulating, cursing – at me, whom he nearly ran over and who had the undisputed right of way. This is a dynamic particular to encounters with male drivers, who seem all to grow more indignant the more completely they are in the wrong. I think the emotional reasoning, if you can call it that, is transitive: You make me feel  bad; feeling bad makes me mad; ergo, you make me mad. If I’d had the presence back then to seize on the first part of that proof, I might have glimpsed in Kevin’s instantaneous dudgeon a glimpse of hope.” (Eva,p. 47)

Oh, I love you anyway, youngman, like it or not. But I had an inkling that it was following just these pat scripts that had helped to land me in a garish overheated room that smelled like a bus toilet on an otherwise lovely, unusually clement December afternoon.” (Eva,p. 51).

“We might as well have left the door unlocked.” (Eva, p. 60).

“However admirable, your eagerness to give your live over to another person may have been due to the fact that when your life was wholly in your lap you didn’t know what to do with it. Self-sacrifice was an easy way out. I know that sound unkind. But I do believe that this desperation of yours – to rid yourself of yourself, if that is not too abstract – burdened our son hugely.” (Eva to Franklyn, p. 64).

“I’m not sure how such people manage to get their heads around proper disaster after having repeatedly exercise the full powers of their consternation on traffic.” (Eva, p. 79).

“Thus even tragedy can be accompanied by a trace of relief. The discovery that heartbreak is indeed heartbreaking consoles us about our humanity (though considering what people get up to, that’s a queer word to equate with compassion, or even with emotional competence).” (Eva, p. 93).

“Our compatriots seem to put much stock in slapping a tag on their ailments. Presumably a complaint common enough to have a name implies that you are not alone and dangles options like Internet chat rooms and community support groups for rhapsodic communal bellyaching.” (Eva, p. 100).

“You regarded a child as a partial creature, a simpler form of life, which evolved into the complexity of adulthood in open view. But from the instant he was laid on my breasts, I perceived Kevin Khatchadourian as pre-extant, with a vast, fluctuating, interior life whose subtlety and intensity would if anything diminish with age.”(Eva to Franklyn, p. 137).

“In a country that doesn’t discriminate between fame and infamy, the latter presents itself as plainly more achievable.” (Eva, p. 197).

“”Kids have a well turned radar to detect the difference between an adult who’s interested and an adult who’s keen to seem interested.” (Eva,p. 369).

“I reason that nothing about a blindness to beauty necessitates a blindness to ugliness, for which Kevin long ago developed a taste. Presumably there are as many fine shades of the gross as the gorgeous, so that a mind full of blight wouldn’t preclude a certain refinement.” (Eva, p. 379).

“Maybe he is mad that is as good as it gets. Your big house. His good school. I think it’s very difficult for kids these days, in a way. The country’s very prosperity has become a burden, a dead end. Everything works, doesn’t it? At last if you’re white and middle class. So it must often seem to young people that they’re not needed. In a sense, it’s a if there’s nothing more to do.” (Kevin's teacher, p. 391).

“What does that mean? Your dad ‘loves’ you and hasn’t a (bleep)ing clue who you are? What’s he love, then? Some kid in Happy Days. Not me.” (Kevin, p. 413).

Nothing is really happening.You read the paper, or if you’re into that sort of thing you  read  a book, witch is just the same as watching only even more boring. You watch  TV all night, or maybe you go out so you can watch  a movie,  and maybe you’ll get a phone call so you can tell your friends what you’ve been watching. And you know, it’s got so bad that I’ve started to notice, the people on TV? Inside the TV? Half the time they’re watching  the TV. Or if you’ve got some romance in a movie? What do they do but go to a movie. All these people, Marlin,” he invited the interviewer in with a nod. “What are they watching?” (…) “People like me.” (Kevin, p. 415).

Depois da pancada que é Kevin, eu cheguei a mais um livro de Nora Roberts, The Next Always, em sua nova trilogia (In Boonsboro Trilogy). Pensei, de início, que seria bom desacelerar... Gosto dos livros da Norinha,como eu e Kakal a chamamos. 
Em cada trilogia, um mundo diferente, pessoas com profissões interessantes, que amam e que as possibilitam se posicionar no mundo. Donos de cafés diferentes, livrarias fofas, B&B's diferentes no meio do nada na Irlanda, escritores de quadrinhos, bruxas... Na última saga, The Bride Quartet, a história era sobre quatro amigas que eram sócias numa casa de festas especializada em casamentos. Cada uma tinha uma função: a administradora, a florista, a fotógrafa, a doceira... e cada livro do quarteto era dedicado à vida amorosa de uma delas dentro daquele mesmo mundo. Assim são as sagas e trilogias da Norinha, cada livro um personagem... Os tipos físicos e psicológicos reaparecem, as relações são parecidas.... Nos últimos livros, ela amenizou o trauma dos personagens e o sexo selvagem... uma pena : ) Mas tudo continua mais ou menos igual, e foi essa familiaridade que me permitiu começar a ler em inglês definitivamente, até conseguir chegar a livros com personagens e vocabulário mais diversificado.


 Fora das trilogias, os seus livros não me atraem muito, embora eu os leia todos - apresentam aspectos de terror e violência que acho bobocas. Mas isso não me afasta deles, rs. Uma coisa legal é como NR faz referências a outros de seus personagens em diferentes livros. Gosto dessas referências cruzadas da ficção citando a si mesma. Neste último, os quartos da pousada que os irmãos Montgomery estão reformando têm nomes de casais famosos da literatura... Elizabeth e Darcy eu adoro, e seria o quarto que eu reservaria. Mas, como pretensão pouca é bobagem, um dos quartos se chama Eve e Rourke, o casal vinte da série In Death, que Nora Roberts escreve sob o nome de J.D. Robb.

No entanto, depois de embarcar num mundo tão honestamente explicito e sem concessões, não consegui mergulhar no mundo da NR (iniciais que são marca da autora). Assim, não consigo dizer se esse livro está mais bobo, ou se o meu coração é que não conseguiu encontrar um lugar para ele. 
Mas, como disse, isso não me impedirá de ler os próximos... 

 No cinema, o grande evento do mês foi, claro, a estreia de Breaking Dawn Part 1, a adaptação em duas partes do último livro da Saga Crepúsculo. Muito tempo esperando pelo filme, compra antecipada de ingressos... Ele merece um post só dele, e isso deve acontecer ainda nesta semana, com todo o otimismo do mundo, rs.

Durante a primeira metade de novembro, o cinema foi um programa com as crianças. No dia 13/11, eu despertei da preguiça e parti para encontrar alguns dos poucos filmes em cartaz que queria ver.

Contágio (Contagion. Steven Soderbergh, US/Emirados Árabes, 2011) foi uma surpresa. Eu ando tão desantenada que não sabia, até os créditos finais, que o filme era do Soderbergh. Meu diretor favorito por um bom tempo, seu primeiro filme - Sexo, Mentiras e Videotape - ainda permanece comigo. 
No início, não pus muita fé. Ainda desanimada de estar no cinema, achei que o filme poderia ser uma bomba absurda... mas, aos poucos, numa história em fragmentos, bem construída e ágil, o filme foi me conquistando até que, ao ver o nome do diretor, entendi porque ele havia me parecido diferente. Os diversos lados de uma epidemias são mostrados em personagens coesos, interpretados sempre por atores muito conhecidos... o que também desperta a curiosidade. 

Quando li a sinopse de A pele que habito (La Piel que Habito. Pedro Almodóvar, Espanha, 2011), já havia decidido que esse filme não era para mim. Adoro Almodóvar, mas não me encontro em tudo que ele faz. Porém, como Abraços Partidos, o último filme que dele assisti, me conquistou inteiramente, resolvi deixar de lado minha recusa a ver filmes com cenas de estupro e entrei no cinema. 
Não tenho traumas pessoais com violência sexual, mas acho toda cena de estupro em cinema o fim. Um risco enorme é a erotização da violência, e são pouquíssimos os filmes que apresentam uma exceção. O de Almodóvar não é um deles.
No entanto, ele expõe de forma genial a violência a que se pode incorrer quando se tem os meios para isso. E, por isso, como costumo dizer com os filmes de Michael Hanecke, este último de Almodóvar é incrível, mas não me pergunte se eu gostei. É impossível associar gosto à experiência de A Pele que Habito
Esta semana, conversando com a amiga de uma sobrinha, de 14 anos, ela me disse como se surpreendeu com Antonio Banderas, pois ele, falando espanhol, para ela, é um ator muito melhor. Eu só posso concordar, principalmente ao pensar em como não conseguirei ver Banderas sem lembrar do terror que o personagem dele me trouxe...

O preço do amanhã (In Time. Andrew Niccol, US, 2011) não havia me atraído muito. Justin Timberlake... hum, acho que não. Mas me rendi ao filme quando vi Niccol na direção, porque adoro Gattaca (1997) e O Show de Truman (1998), de que é roteirista. Mas Gattaca foi o voto de minerva, e não me arrependi. O filme é bom demais : ) Não tem outro jeito de falar...rs. A ideia do tempo como moeda corrente é de uma exposição clara do que gastamos em cada ação nossa. Mas, no mundo de In Time, esse preço se expõe, e o comprometimento de vida que ocorre em cada consumo é explícito. 
E, como gosto de dizer, preconceito é uma companhia muito inconveniente para se ter no cinema... Justin Timberlake está ótimo.


 PS: A partir de hoje, uma nova dinâmica no Viagens. Com o exemplo de dois blogs de que gosto muito, vi que estava comendo mosca em não colocar links para algumas citações... Kal, minha sis querida, passou a utilizá-los em seu blog andarilho e muito querido, e eu aqui a estou copiando. Jô Ribas, que conheci aqui no Viagens e que tem um blog fofíssimo, usa de forma muito bacana os links.
Na natureza, nada se cria, tudo se copia... então  vamos nós! Espero que gostem. Nos filmes, coloco o link para o Internet Movie Data Base - IMDB, o site que consulto para as informações dos filmes que trago aqui. Nele, além das informações, há comentários dos espectadores - às vezes, as únicas críticas que leio sobre um filme... -, alem de fotos e trailers, o que possibilita mais contato com os filmes. Nos livros, trago principalmente o site da Amazon - além das informações sobre o livro em si e o autor, gosto muito dos comentários dos leitores.  
Digam depois o que acharam...!



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

I ached with the weight of my hope.


O mês de outubro foi de tranquilidade, preguiça, muito sono e uma viagem por vários livros até engatar nos últimos volumes de três séries de que gosto muito. Por Night Train to Lisbon, de Pascal Mercier (amo esse nome, Pascal...) e We Need to Talk About Kevin, de Lionel Shriver (a mesma autora de The Post-Birthday World, comentado aqui há uns dois posts), eu passei rapidamente. Mudei de um para o outro, sem saber se minha viagem seria com Mundus em Lisboa (o livro, até onde li, está incrível, uma viagem marcada pelos livros - obrigada pela dica, Gio!) ou com Eve e sua tormentosa reflexão a respeito da maternidade, das concessões que fazemos para nos adaptar a um mundo que nem sempre sentimos como nosso, as próprias falhas, a partir da sua relação cm Kevin, seu filho adolescente que, em um atentado à sua escola, matou alunos e professores. Uma coisa eu digo: se alguém pode escrever bem essa história, sem preguiça ou descaso, é Shriver. Eu o retomei agora em novembro, assim que terminar eu o trarei novamente para o Viagens. Aguardem as cenas do próximo capítulo...

Dos livros em série que li, o mais aguardado era Succubus Revealed, de Richelle Mead, o sexto e último livro da história de Georgina Kincaid. Mead já anunciava o que seria esse final, mas, diferente do que (terrivelmente) fez com Vampire Academy, ela conseguiu fechar bem a história de uma sucubbus que, apesar de ser uma funcionária registrada do Inferno, tenta viver o mais corretamente possível a sua vida, junto aos outros funcionários demoníacos de Seattle - vampiros, duendes, demônios. O demônio chefe de Seattle com o rosto de John Cusack e sua amizade de bebedeiras com o anjo Cartes, um grunge desarrumado e sujo, é uma delícia.
A história é muito bacana, transcorre boa parte numa livraria - mais delicinha ainda! - e o herói total, Seth, é um escritor que diz muito do seu processo de criação, além de um colecionador de camisetas com referências engraçadas da cultura pop.
Adoro quando o autor conversa com o leitor sobre a própria cultura pelos seus personagens e o que eles fazem e gostam. Eu caminho por essas histórias muito feliz. 
Certo que as tramas de Mead são totalmente heartbreaking, o que as torna mais intensas e interessantes. Tudo fica bem quando acaba bem, ok... mas os livros não são somente o final feliz. Que, aliás, eu adoro também. Nada contra nunca!
Não sei se acho bom ou ruim Richelle Mead não ter planejado um spin-off para essa série, com fez com VA. Ela poderia escrever sobre a vida em Seatle depois do furacão Kincaid... mas, anyway, acho bom ela não haver pensado nisso agora, senão seria outra série com fim apressado, descuidado e bobo. E isso de novo não, oh God!
Bite Club, de Rachel Caine, é o 10º livro da série Morganville Vampires. Muito divertida, a série ainda continua legal, apesar de muito longa para a minha tranquilidade de espírito. Afinal, se Charlaine Harris, uma escritora experiente, está conseguindo estragar uma história tão legal quanto a da Sookie Stakehouse (que deu origem à série de TV True Blood, que anda lost in space também), qualquer um pode chegar ao décimo primeiro livro da série e fazer uma baita bagunça. Well, até agora, a história de Claire e seus roommates Shane, Eve e Michael continua interessante e divertida. Tem se mostrado mais intensa, principalmente em Bite Club, com destaque para Shane, um personagem super atormentado que, thanks God, pelo visto não será mal aproveitado ou ignorado. É dele as palavras:
It was like I’d cannibalized parts of myself to stay on my feet, and  now the pain and the emptiness flooded into me and swamped me, and I just wanted to lie down and die. (p. 149).
O décimo primeiro livro já está a caminho. Agora é torcer para o melhor, rs. 

Finalmente, uma série com três livros! E sem rosto na capa...rs. Forever é o último volume de Wolves of Mercy Fall, série de Maggie Stiefvater. Melancólica e poética, a história me conduz por personagens intensos. A opção por várias vozes, a partir do segundo livro, não me deixou muito feliz. Afinal, quem precisa de mais vozes na cabeça...rs. Ok, weird, mas é verdade. Esse radiohead de tanta gente prejudicou um pouco, para mim, a poesia do texto, que é muito bonito. Tirou, também, um pouco da intimidade de caminhar pela tristeza e esperança dos personagens. Mas mesmo assim, é doce e forte. 
A fala de Cole St. Clair (e para que criar personagens se não para lhes dar os nomes mais bizarros...?) me levou a Twilight, à história de Bella e Edward e seu amor obsessivo (sério que eu digitei obsessivo três vezes antes de acertar). Para mim, parecia uma história conversando com a outra e dizendo como se entendem e identificam, mesmo sendo diferentes. Veja aí o que você acha:

The thing I was beginning to figure out about Sam and Grace, the thing about Sam not being able to function without her, was that that sort of love only worked when you were sure both people would always be around for each other. If one half of the equation left, or died, or was slightly less perfect in their love, it became the most tragic, pathetic story invented, laughable in its absurdity. Without Grace, Sam was a joke without a punch line. (p. 115).


Without Grace, I lived a hundred moments other than the one I currently occupied. Every second was filled with someone else’s music or books I’d ever read. (p. 20 - Sam).
 The one thing I couldn’t bring myself to pur away was the sadness of missing Grace. That I kept. I deserved that. I’d earned it. (p.67 - Sam).
One moment I was alone, my morning and my life stretched out in front of me  like frames in a film, each second only slightly different from the last. A miracle of seamless, unnoticed metamorphosis. (p. 67 - Sam).
It seemed like the best weapons in my life had always been the most innocuous: empty plastic bins, a blank CD, an unmarked syringe, my smile in a dark room. (p. 115 - Cole).
“if you stand farther away, maybe,” Rachel said. “I’m sorry, Sam, but I whatch TV. I know how these things go.” (p. 251).

Desânimo total para chegar ao cinema. Não sei se sou eu ou a programação que não ajuda... Olha os filmes em cartaz e nada me atraía muito. Nesta semana, as coisas melhoraram, Melancolia finalmente (!!!) entrou em cartaz e logo novas salas abrirão no Casa Park. Dias melhores virão...
Assim, ao cinema cheguei somente pelas crianças, e valeu muito. Com os dois cara-pálidas, uma menina de 7, um pitoco de 3, fomos ver Smurfs, de novo, com a Mari. Pedro ainda não havia assistido o filme, e eu estou para ver uma criatura rir tanto. Uma delícia de felicidade! Eu, que não havia gostado nada do filme da primeira vez, passei a vê-lo de forma diferente. As gargalhadas queridas do Pepê deram outra sentido para o que eu via. Sem a Mari dessa vez, nós três vimos Gigantes de Aço (Real Steel. Shawn Levy, US, 2011), um filme meio apelativo sobre a união de pai e filho e, por isso mesmo, super emocionante : ). Hugh Jackman num filme é sempre bom, a história dos robôs é divertida, cheia de adrenalina. Pedro ficou vidrado, preso mais nas cenas entre pai e filho do que nas lutas. Ao final, uma cena incrível para mim: no filme, todos felizes, emocionados, comemorando, Pedro se vira para mim e Marcela e, pequenininho que é, abraçou e beijou nós duas, emocionadíssimo. Depois saiu dançando, feliz. 
Uma cena querida para ficar na lembrança e virar uma história feliz.


O mais importante eu ia esquecendo... Em outubro, nos Estados Unidos, entre as várias novas estreias na televisão, surgiram séries muito legais. Entre elas, uma surpresa especialmente boa:
Big big smile, preparem-se!


Once Upon a Time é uma coisa. Como diria a TT, é de gritar...! A Rainha Malvada da Branca de Neve, sem suportar a felicidade da enteada, lança uma maldição sobre o bosque dos contos de fada. The dark curse, uma maldição terrível, chega para acabar com os finais felizes.

E o que significa isso? Todos os personagens passam a viver no "mundo real", sem lembrarem - com a exceção de alguns poucos - de quem realmente são.  Quem pode pôr fim à maldição (sim, porque toda curse tem seu antídoto...)? A filha da Branca de Neve, claro, que cresceu sem saber quem era e é resgatada desse destino cruel pelo filho que deu para adoção... Belezinha.


Eu li a sinopse com muita desconfiança, mas bastou o episódio piloto para me viciar totalmente e esperar toda semana por um capítulo novo dessa história muito legal, dos criadores de Lost (embora essa seja uma referência contra para mim, depois daquele final surrealmente ruim).

Ficção, realidade, contos de fada... heróis e vilões numa cidade do Maine chamada Storybrooke. Big smile, não disse? 


Não consigo encerrar este post...rs. The never ending post, that is. 


Depois de acrescentar a minha surpresa com Once Upon a Time, liguei a TV para terminar de ver o episódio da semana passada de Grey's Anatomy, série que acompanho desde o início e de que gosto muito. Muitíssimo. 

Um roteiro bem cuidado é sempre uma alegria. Grey's tem uma coerência nesse sentido que me mantém com ela toda semana... além de ser divertidíssima. Mas não foi isso que me levou a trazê-la aqui.
No episódio 808, little Grey atende uma paciente com aneurisma. Ela é escritora e não quer operar porque está terminando o último livro de uma série que escreve há dez anos.
. . .

Então. A escritora tem dores de cabeça horríveis, e como a ficção precisa fazer sentido, mas sempre dá jeitinho de vender o impossível como viável, little Grey a ajuda a digitar o livro. Essa médica ocupadíssima, ainda em residência, começa a ler os livros e a se apaixonar pela história.
Bem-vinda ao clube!


Pouco antes de o aneurisma estourar, a autora dos livros conta o final da história para a sua fiel escudeira. Trata-se de um triângulo amoroso, claro, entre uma moça que viaja no tempo, o seu verdadeiro amor, que é um ladrão safado sem vergonha, e aquele que é o querido das leitoras e ama a heroína profundamente. Mas, claro, não é correspondido de verdade.




Lembram do começo deste post? Sobre como adoro histórias de ficção que trazem a relação de amor, obsessão e fidelidade com os livros e a cultura? 
Encontrar isso na minha série favorita foi, como diria Augusto, the best...


(PS: O título deste post veio de Forever, p. 21)